A rede municipal de ensino de Barra Velha iniciou as discussões para a aplicação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, as quais prevêem a obrigatoriedade do ensino da Cultura Africana no município, Afro-brasileira e Indígena no município. Na manhã do dia 10 de março, 20 professores da rede municipal se reuniram no auditório da secretaria, a fim de acompanhar a exposição das novas legislações e preparar a grade curricular barra-velhense para essa nova realidade.
A reunião foi coordenada pelo professor e historiador José Carlos Fagundes, o Cacá, presidente da Fundação Municipal de Cultura, e também pela professora Dilcicléia Gonçalves de Barros, representante de Barra Velha na Conferência Nacional de Igualdade Racial que aconteceu em junho do ano passado, em Brasília. Os professores tiveram acesso aos objetivos principais da Secretaria de Educação de Barra Velha, e os coordenadores apresentaram as metodologias que poderão ser usadas nas séries iniciais visando o ensino da Cultura Africana e Indígena.
Cacá expôs o conteúdo disponível nos ensinos de história que poderão ser aplicados, e detalhou que este ensino não se trata de uma disciplina específica, mas sim de um conteúdo programático que vai abranger todo o ensino fundamental já a partir do segundo bimestre. "A preferência é que o ensino de história da Cultural Africana, Afro-brasileira e Indígena seja dentro das disciplinas de história e ensino de artes", observa Cacá. "Mas não é uma obrigatoriedade. Na verdade, todas as disciplinas podem repassar noções sobre essas culturas", comenta Fagundes.
De acordo com Dilcicléia, o primeiro passo foi justamente reunir os professores destas disciplinas para discutir a nova legislação. "A obrigatoriedade de que as crianças e jovens catarinenses aprendam a cultura africana, afro-brasileira, indígena, rompe esse estigma de suposta superioridade racial, oportuniza a inclusão", comenta Dilcicléia. "A criança catarinense vai passar a perceber que também é fruto dessa miscigenação entre índios, brancos e negros. Acho que a partir do segundo bimestre, nossos alunos já começarão a sentir melhor o conteúdo do que é proposto na nova legislação", acrescenta.
Para Dilcicléia e Cacá, o fato de a Secretaria de Educação de Barra Velha já apresentar conteúdo e metodologias específicas para o professor, apontando livros, poemas e músicas que servirão para essa lições, já alicerça o trabalho em sala de aula.
Santa Catarina distribui livros
A implantação da obrigatoriedade do ensino da Cultura Africana no município, Afro-brasileira e Indígena está tendo reflexos em todo o Estado. Até o mês de março deste ano, a Secretaria de Educação de Santa Catarina vai distribuir para as escolas de educação básica e profissional da rede pública estadual seis mil coleções "A África está em nós" e 114.750 volumes do livro "África está em Nós – Africanidades Catarinenses" aos alunos das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e séries iniciais do Ensino Médio.
Na aquisição dos livros, a Secretaria Estadual investiu o montante de R$ 5 milhões 218 mil e 500. A coleção é composta de cinco volumes para as atividades em sala de aula e o manual do professor. "Entendemos que essa coleção representa uma ferramenta importante para a construção de uma sociedade anti-racista, privilegiando o ambiente escolar como um espaço fundamental no combate ao racismo e à discriminação racial", destaca o diretor de Educação Básica da Secretaria, Antônio Pazeto.
A coleção oferece, ainda, um volume específico que trata da africanidade catarinense, abordando a participação do negro na educação, na história, na cultura e na economia do Estado de Santa Catarina. A intenção dos professores Cacá e Dilcicléia é também ter este material específico para a aplicação aos alunos da rede municipal de ensino em Barra Velha.
Fonte:
Cacá Fagundes
Professor de História
Fone (47) 3446-7715
Dilcicléia Gonçalves
Representante da Conferência da Igualdade Racial
Fone (47) 3456-2644
Assessoria de Comunicação Social
Juvan Neto – Jornalista SC 01359 JP
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