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Ex-ferroviário resgata sua história na rede

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A construção da ferrovia impulsionou o crescimento dos municípios e faz parte da história da microrregião. Em 6 de junho de 2010 é comemorado o centenário da ferrovia. Os municípios de Jaraguá do Sul e Corupá planejam atividades para marcar o evento. Em Corupá, a Prefeitura de Corupá organizará a exposição dos 100 anos da Rede Ferroviária no município, programada para o mês de julho nas dependências da Sociedade D. Pedro II.

A Divisão de Cultura trabalha no resgate de fotos, entrevistas com ex-ferroviários, pesquisa de material bibliográfico e objetos para organização da exposição. Em fevereiro, uma comitiva, formada pelo prefeito Luiz Carlos Tamanini de Corupá, o secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer Loriano Rogério Costa (Kutcha) e a Chefe da Divisão de Cultura Cida Rosa, visitaram o Museu do Ferroviário e o setor de Inventariança da extinta Rede Ferroviária Federal, Unidade Regional em Curitiba, firmando parceria para trazer a exposição itinerante de um acervo com objetos, peças e documentos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) do Paraná. Em março, Cida Rosa também já solicitou auxílio ao Iphan de Florianópolis para pesquisa de material histórico.

     A Divisão Cultural de Corupá continua visitando ex-ferroviários para entrevistas, digitalização de fotos, que auxiliem na construção da pesquisa histórica da rede ferroviária em Corupá. Nesta semana (6), foi visitado o ex-ferroviário Curt Adler (82), um apaixonado pela rede, que falou com entusiasmo dos seus 26 anos e 26 dias dedicados à empresa. As famílias que tiverem qualquer foto relacionada com a construção da estrada de ferro, da estação e movimentação da época podem colaborar. "Queremos organizar um painel de fotos dos ex-ferroviários. Para isso contamos com o apoio dos familiares". A foto será digitalizada na  hora e não ficaremos com a original", diz Cida.

Curt Adler, ex-ferroviário, apaixonado pela rede

            Curt Adler nasceu em Corupá no dia 29 de setembro de 1927. Filho de Max e Sophia Adler. Possui cinco irmãos. Ainda vivos um irmão, que vive em Corupá e uma irmã moradora na Itália. Os anos iniciais Curt estudou na Escola Alemã, hoje prédio da Secretaria de Educação e os anos finais na Alemanha. A paixão pela Rede Ferroviária vem da infância, quando passava os dias sonhando em trabalhar na empresa. E assim o fez por 26 anos e 26 dias.

            Em 1939, aos 12 anos acompanhou o pai em uma viagem à Alemanha. O pai  queria matar saudades e visitar familiares. Por ocasião da guerra, foram impedidos de voltar ao Brasil. Ficaram por lá durante seis anos, até 1946. Nesse tempo concluiu os estudos até a 8ª série e também o curso profissionalizante na área de mecânica. 

            Após retornar ao Brasil, em 16 de janeiro de 1948 entrou para o serviço militar em Joinville no 13º Batalhão de Caçadores. Quando voltou a Corupá, procurou trabalho na Rede. Assim que surgiu a vaga, foi chamado. Começou no dia 6 de junho de 1949, aos 22 anos, como Auxiliar de Artífice e posteriormente no Departamento de Oficinas até 01 de julho de 1975. Formou família, casou com Ingebord Schott em 4 de outubro de 1952 e tiveram dois filhos.

         Na oficina atuava na manutenção, como soldador e torneiro."Foram 26 anos e 26 dias dedicados exclusivamente à rede", sem nenhuma falta", diz Adler com orgulho. Guarda com carinho todos os seus envelopes de pagamento. " Tinha muito trabalho. Não era trabalho para qualquer um. Trabalhávamos diariamente, durante o dia, à noite. Não tinha hora, dia, feriado", disse. Chegavam a  fazer de 15 a 18 horas extras mensais. Na oficina trabalhavam em aproximadamente 25 pessoas que se dividiam em três turnos. Lembrou das mudanças deste então. Atualmente uma única pessoa pode conduzir o trem.

 Um de seus grandes amigos foi João Cândido Oliveira, Chefe de Depósito, de Porto União, hoje já falecido. Saiu da rede na época porque era a última opção para aposentadoria de 100% para quem tivesse 25 anos de trabalho por insalubridade.

Em 15 de julho de 1975, a rede deixou de ser sociedade anônima e passou para Companhia, mantida pelo governo federal e  os empregados regidos pela CLT.

Curiosidades e lembranças de Curt

Na época, as máquinas eram a vapor. A equipe que levava o trem era formada pelo maquinista, foguista, carvoeiro, chefe de trem e guarda-freio. Os funcionários seguiam carreira, começando como carvoeiro, depois foguista e maquinista.

"Os ferroviários eram considerados ricos, pessoas com status porque trabalhavam para o governo federal", comenta Cida Rosa, Chede da Divisão de Cultura. O  abastecimento das locomotivas consumiam aproximadamente três mil metros de lenha, carvão e nó de pinho. Uma grande caixa de água, com água canalizada da fonte do ribeirão Morro do Boi, por  baixo da terra, abastecia as locomotivas.

Nos anos 50 e 60 havia transporte de passageiros, madeira, produção agrícola e gado. A rotatividade no número de pessoas que vinham de fora e sempre mudavam era grande. Aproximadamente 400 funcionários trabalhavam na rede e participam da Cooperativa dos Funcionários, que mantinha um armazém com preços especiais. As compras eram descontadas diretamente na folha de pagamento.

Em 1970, as locomotivas passaram de motor para diesel/elétrica, reduzindo drasticamente a mão de obra e o número de funcionários. O posto de revisão mudou porque os vagões antigamente eram de mancal de bronze e depois modernizaram para rolamento.

            Uma das curiosidades da rede. Mensalmente o trem de pagamento passava pelos municípios para efetuar o pagamento dos funcionários. "Recebíamos o envelope de pagamento com dinheiro vivo e não havia assaltos na época", afirmou.

Depois de aposentado, Adler adquiriu uma propriedade na praia de Barra do Sul, onde passa parte de sua vida e dedica-se à pescaria. Prefere ficar lá durante o inverno porque é mais calmo. Divide-se seu tempo entre Corupá e Barra do Sul.

Mais informações com Cida pelo telefone 3375-1399.