Uma parceria entre a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Barra Velha e a Fundação Municipal de Cultura promoveu a valorização de um espaço turístico e cultural do município com a substituição de um enunciado histórico que trazia informações duvidosas a respeito da história da denominação "Costão dos Náufragos". Na manhã desta quinta-feira, dia 27 de maio, foi instalada uma nova placa de mármore no Cruzeiro dos Náufragos, localizado ao lado do costão de pedras central de Barra Velha.
A placa traz um novo enunciado, baseado em estudos do historiador José Carlos Fagundes, que preside a Fundação de Cultura. A confecção da inscrição foi subsidiada pela CDL local. A revitalização do "Costão dos Náufragos", que é considerado um dos pontos turísticos mais bonitos de Barra Velha, é um dos objetivos da Prefeitura e suas Secretarias de Educação e Fundação de Cultura, além da Secretaria e Fundação Municipal de Turismo.
Segundo Cacá Fagundes, a placa anteriormente instalada no cruzeiro – que permanece no local – continha um erro histórico, ao informar que a origem do nome do costão se referia aos náufragos brasileiros que planejavam participar da Guerra do Paraguai. "A inscrição afirmava que eles vinham da guerra em 1866", detalha Fagundes. "Na verdade, eles iam em direção a este conflito um ano anos, em 1865. Eram voluntários da Pátria da província de Paraíba, e naufragaram na altura de nosso costão central", relaciona.
Segundo o presidente da Fundação de Cultura, o objetivo da troca foi resgatar a fidelidade histórica. Cacá, entretanto, não sabe como esse erro de informação foi cunhado na placa original, dos anos 80. Na avaliação de Fagundes, o erro não foi do também historiador Acácio Borba, já falecido. Acácio, em textos anteriores, não errou na troca de datas.
"Talvez de algum pesquisador que duvidasse do fato histórico possa ter errado na hora de cunhar a inscrição original", sugere o presidente. Fagundes levantou detalhes mais completos do episódio histórico com jornais de época do Arquivo Público do Estado. A partir daí, elaborou um projeto com a justificativa, e obteve apoio do presidente da CDL local, Elias de Aguiar Sobrinho. A nova placa conta com o logotipo da CDL e o brasão da cidade. Minutos após a instalação da nova inscrição, Fagundes agradeceu ao apoio dos comerciantes da CDL barra-velhense.
Saiba mais sobre o naufrágio histórico
Fagundes relembra que os náufragos que iam para a Guerra do Paraguai ficaram refugiados durante oito dias na freguesia de Barra Velha, em 1865. Estes sobreviventes até mandaram rezar uma missa solene na Igreja Matriz do Desterro, em Florianópolis, em 3 de julho daquele ano, para agradecer a Deus por terem escapado de uma grande tempestade em alto-mar e conseguir refúgio na praia de Barra Velha. Cacá encontrou registros dessa missa na Biblioteca Pública do Estado, em Florianópolis,
O grupo de náufragos estava no vapor Pedro 2º, e integrava o 47º Corpo de Voluntários da Pátria da Província da Paraíba. O fato foi destaque na edição de 4 de julho de 1865 do jornal "O Despertador da Cidade de Desterro", e a missa foi celebrada pelo padre Arcypreste, pároco da freguesia, que proferiu um breve e tocante discurso, arrancando lágrimas dos náufragos sobreviventes, que marcaram presença na missa com os mesmos trajes que aportaram em Barra Velha.
Cacá Fagundes inclusive identificou uma foto do tenente coronel da guarda nacional, Luis Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, comandante do corpo de voluntários. Maranhão era bacharel e fazendeiro conceituado na sua terra natal, abandonou tudo e seguiu para a Guerra do Paraguai. O período em que ele e sua tropa ficaram refugiados nas terras de Barra Velha foi entre 23 de junho e 1º de julho de 1865 – dois dias antes da missa celebrada em Desterro.
O navio que transportava o regimento para o conflito sofreu avarias na orla de Barra Velha. Luis Inácio comandou durante muito tempo o 47º corpo de voluntários, e também a 10ª brigada de infantaria em 1868. Perdeu a vida no ataque às "Lombas Valentinas", em 21 de dezembro de 1868, três anos depois do refúgio acontecido no hoje conhecido Costão dos Náufragos, em Barra Velha.
Fonte:
José Carlos Fagundes
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