Proerd, 10 anos de história em Corupá

 

É muito bom participar e fazer parte de um projeto, de um programa do qual se conhece a essência. Não estou falando de um perfume, embora que o Proerd não deixe de exalar um aroma de responsabilidade, atitude, ação, amizade e respeito por si e pelo próximo.

O Proerd entrou na minha vida profissional e pessoal no ano de 2000, em uma brincadeira de tirar a sorte no palito. Infelizmente eu perdi, fiquei com o palito menor e minha turma não teve Proerd. Foi decepcionante para mim e para os meus alunos, já que éramos vizinhos de porta da turma felizarda. Mas, esperar muitas vezes é o melhor remédio. No ano seguinte, tinha duas turmas de 4ª série, ou seja, aula em dobro. Lembro que os alunos esperavam ansiosos pela chegada do policial Proerd, na época o soldado Jean Rudolf, aparência de menino, mas com um conhecimento imenso. Atencioso, simpático, e quando necessário "pegava no pé" da criançada. Eu como professora, acompanhava a aula sentada nos fundos da sala de aula.

Era prazeroso ver e ouvir a interação das crianças com o policial. Vale ressaltar que para muitos alunos, o policial era um cara mau, que prendia crianças que não obedeciam seus pais; que batiam… Muitos alunos da escola, principalmente os pequenos, tinham muito medo de chegar perto do policial, porém, com o tempo eles acabavam percebendo nele um amigo. Havia uma química desde o momento em que o policial entrava na sala e perguntava: Hoje é dia de… ? E os alunos entusiasmados gritavam: PROERD! Iniciava-se ali um momento mágico de trocas, muitas vezes de confidências de problemas familiares, de partilha, de construção de conhecimento.

O tempo foi passando, mudei de escola e o policial Proerd também mudou. Conhecemos Luis Carlos Massaneiro, que com o mesmo entusiasmo, dedicação e com uma bagagem formidável veio formar a primeira turma da Escola José Pasqualini. Eram somente 10 alunos, mas nem por isso as aulas foram diferentes. O foco da prevenção contra as drogas e a violência era e é o tema principal. Descobrimos neste policial um cantor, um amigo sincero para todas as horas. E como todo amigo que se preza, discutimos, trocamos opiniões, divergimos sobre elas e compartilhamos momentos felizes e tristes também.  Luis Carlos conquistou cadeira cativa na Escola José Pasqualini e em outras escolas do município. Criou laços de amizade com as crianças, não somente com os alunos Proerd, mas com os demais, que o cumprimentavam com um sorriso e sem medo. Muitas vezes nos auxiliou com alunos que não tinham atitudes condizentes com o ambiente escolar, aquela conversinha de pé-de-ouvido. Como ele dizia "de homem pra homem", e alertava de forma sutil com sotaque de quem vem da serra "pare com isso guri".

As aulas se passavam e com isto a hora de uma despedida temporária. Esta despedida tornava-se real no dia da formatura. Formatura?! Nossa!! Ginásio cheio de pais e alunos. Momento de realização, afinal era uma formatura!

Antes do evento e depois das aulas terminadas, era tempo de escrever a redação Proerd, tendo como diretriz tudo aquilo que aprendemos, assimilamos no decorrer das aulas. Esforço, momento de vasculhar a memória, ajuda da professora de sala, reescrita, arruma ali, escreve lá. Espera! Esqueci isto, lembrei daquilo e a redação vai tomando corpo.

Revelação de uma aprendizagem que vai para a vida. Redação pronta, revisada, erros corrigidos. E agora? Quem será o aluno do município que vai ganhar o prêmio? São tantos alunos, tantos pensares diferentes. Mas somente um é o escolhido. Tomara que seja um da nossa escola. Que pena! Não foi dessa vez. Não deu, foi de outra. Quem sabe o ano que vem.

E a formatura prossegue com apresentações artísticas, fala  de pessoas importantes, homenagens a professores. Juramento Proerd! Que responsabilidade assumida por gente tão pequena, mas consciente que para as drogas é preciso dizer NÃO. A formatura com todo seu cerimonial nos faz lembrar que é preciso saber viver em uma sociedade que não oferece segurança para todos, e que o perigo pode estar mais perto do que pensamos. Temos que saber que a vida pode estar ali, que é preciso cruzar a ponte e desejar um mundo melhor, e que para isso nós somos autores e atores de cada capítulo da vida que escolhemos. A decisão é nossa, assim como todas as conseqüências de nossas ações.

A formatura está no seu auge e olha quem chega para a festa? O DARE, leão símbolo do programa. Faz a alegria da criançada. E aí? Acabou? Não! Tem a canção do Proerd, todos são convidados a cantá-la, e como se fosse um coral ensaiado há tempos, ela se torna um hino. Além do entusiasmo da criançada, vemos o entusiasmo, a alegria e a certeza de missão comprida no rosto daquele que durante algumas aulas fez o máximo para atingir o seu objetivo: ensinar a dizer NÃO para as drogas, para a violência, para as atitudes erradas.

Esta pessoa é o Policial Proerd. Profissional que veste a camisa, quer dizer, sua farda impecável e honra com a sociedade o seu compromisso de proteger, educar e garantir o bem estar de todos.

Acabou? Que nada! O programa foi crescendo em nosso município, estendendo-se para alunos da 6ª série e também para alunos do 2º ano. Oferece-se Proerd para os pais. Neste ano festivo formou-se a primeira turma. E com isto conhecemos outros policiais Proerd: a meiga Luciana, o sério Júlio e o sorridente Valcir.

E lá se vão dez anos de PROERD. Dez anos com muita história, com muitas lembranças e porque não dizer saudades.

Hoje como mãe e professora, posso dizer que conheço um programa que contribui para a formação de alunos mais conscientes de suas responsabilidades, de suas ações, de suas atitudes. É prazeroso fazer parte desta história e ser lembrada por pessoas especiais.

Como diz o grande Fernando Pessoa: "O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis". 

Parabéns a toda equipe PROERD! Com carinho

Professora Cristiane Denise Krazewsky