Para palestrante, álcool é chave que abre a porta de entrada das outras drogas
"O objetivo é trazer o maior número possível de informações com embasamento técnico e científico para que o adolescente e o jovem estejam conscientes dos malefícios causados pela drogação e para que possam ter uma escolha mais acertada no sentido de prevenção", explicou o consultor em dependência química, Eduardo Kauffmann, quem realizou seis palestras durante o 4º Seminário do Comen de Jaraguá do Sul, promovido pelo Conselho Municipal de Entorpecentes/JS, nesta terça-feira (28), no Grande Teatro da Scar. Promovido em duas etapas, o evento envolveu a participação de aproximadamente 900 jovens e adolescentes no período da manhã, quando o palestrante abordou os temas "Substâncias psicoativas, características, efeitos e consequências" e "Valorização da vida e do bem-estar".
Em seu pronunciamento na cerimônia de abertura do seminário, o presidente do Comen/JS, Arsanjo Paul Colaço, salientou que o evento é dirigido principalmente aos jovens e adolescentes, com a intenção de fazê-los refletir sobre os valores da vida. "Prevenção é chegar antes e não deixar que a curiosidade nos leve a caminhos perigosos", alertou, convidando os participantes a serem multiplicadores da prevenção contra as drogas. Esta orientação foi reforçada pela chefe de gabinete da Prefeitura de Jaraguá do Sul, Fedra Luciana Konell Alcântara da Silva, quem representou a prefeita Cecília Konell na solenidade. "É fácil entrar, mas muito difícil sair do vício", alertou, aconselhando que ninguém deve experimentar qualquer tipo de droga, seja ela lícita ou ilícita.
Kauffman disse que, embora atualmente haja um grande consumo de crack, inclusive em Santa Catarina, as últimas pesquisas do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) apresentam dados preocupantes sobre o álcool. "Eles revelam que, apesar das restrições jurídicas que existem para venda, consumo e oferta de bebidas a menores de 18 anos, a média de idade de início de consumo de álcool no nosso país é de 12 anos e meio", informa. E para ele, tudo começa pelo álcool. "Não diria que é a porta de entrada, mas é a chave que abre esta porta para outras drogas e, infelizmente, o nosso adolescente, o nosso jovem, está começando a beber cada vez mais cedo", lamenta.
O consultor em dependência química avalia que ainda há deficiências no serviço público voltado ao tratamento de dependentes químicos, mas reconhece que está havendo um movimento governamental em todos os níveis para resolver o problema. Ele acrescenta que é preciso "arregaçar as mangas" e perceber as oportunidades para desenvolver este trabalho, pois, muitas vezes, o governo disponibiliza verba, tem os programas e não são feitos os projetos dentro dos trâmites normais para que este dinheiro seja utilizado. "Então, acredito que o que mais tem faltado na maioria dos municípios é boa vontade dos governantes para por estas ações em prática."
Para Kauffmann, já existem recursos disponíveis e o que falta é organizar o aparato, sem esquecer, de maneira nenhuma, da prevenção. "Não é apenas arrumando leitos que vamos resolver o problema, porque os doentes vão continuar chegando até nós em número maior. A demanda só tende a aumentar se não se fizer o que eu chamo de medicina inteligente que é a medicina de prevenção." Neste aspecto, o palestrante considera que Jaraguá do Sul está avançada, pois possui seu conselho municipal de entorpecentes há vários anos e tem uma série de ações já implementadas.
"No meu ponto de vista, o Comen é o articulador desta prevenção, fazendo ações como este seminário, por exemplo, e outras mais específicas, individualizando por escola", opina Kauffmann, destacando que também é preciso realizar um trabalho de capacitação dos professores para lidar com esta questão. "Também acredito que um dos papéis fundamentais do Comen seja articular o trabalho de rede, porque, como a drogação é um problema de saúde mundial, todos os conselhos e todas as esferas da sociedade devem estar mobilizadas para que a gente possa fazer um trabalho eficiente de prevenção", enfatizou.
O seminário prosseguiu no período da tarde, quando Eduardo Kauffmann abordou outros quatro temas voltados a profissionais da saúde, da assistência social e da educação e à comunidade em geral, com cerca de 90 participantes: "Indicadores de uso em adolescentes e jovens", "Como lidar no dia a dia com adolescentes e jovens", "Como proceder no ambiente escolar" e "Responsabilidade compartilhada"
A programação também envolveu a votação dos trabalho que concorriam na segunda edição do Concurso de Desenho do Comen – dirigido a estudantes jaraguaenses dos ensinos fundamental e médio -, com premiação dos vencedores no final do evento. O seminário e o concurso integravam uma programação organizada pelo Comen alusiva à Semana Nacional Antidrogas – de 20 a 28 de junho -, que ainda incluiu o 1º Passeio Ciclístico do Comen, realizado no domingo (26) e a Campanha Educativa e Informativa promovida na segunda (27), em frente à Igreja Matriz São Sebastião.
Fonte: Laci Felippi – secretária-executiva do Comen (47 – 9113-3221 e 2106-8287)
Jorge Pedroso
Jornalista (DRT/RS 6009)
Diretoria de Comunicação
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