Cerca de 500 bananicultores lotaram a audiência pública no auditório da Uniasselvi, em Guaramirim, no Norte catarinense, para tratar da importação de bananas do Equador, autorizada pelo governo federal em março. O encontro promovido nesta quinta-feira (8) foi por solicitação do deputado estadual Carlos Chiodini (PMDB), presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa, devido à revolta dos produtores catarinenses com a liberação das importações. Eles consideram que a concorrência com a banana equatoriana, produzida por multinacionais norte-americanas com subsídios do governo local, é desleal e trará prejuízos incalculáveis para o setor.

Segundo dados apresentados pela Epagri, Santa Catarina é o terceiro maior produtor de banana do país, com uma produção anual de 665 mil toneladas, espalhadas em pouco mais de 30 mil hectares de área cultivada. O cultivo, que se concentra, principalmente, em pequenas propriedades rurais familiares no Norte do Estado, em municípios como Corupá, Guaramirim, Garuva, Massaranduba e Schoreder, abastece o mercado catarinense, é vendida em outros estados, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, e, ainda, exportada para países do Mercosul, o que mostra a força da bananicultura catarinense.

O relato dado pela diretora-executiva da Associação de Bananicultores de Corupá (Asbanco), Eliane Müeller, traz preocupação para o setor produtivo pois trará desemprego, inadimplência dos produtores, além de ameaças à sanidade dos bananais. "No Brasil, são 500 mil famílias envolvidas na produção, gerando dois milhões de empregos que estão ameaçados", afirma. "Nós produzimos com poucos defensivos agrícolas e sabemos que existem pragas que atacam a fruta no Equador que ainda não existem no Brasil. Com essa importação, essas pragas virão junto, ameaçando as plantações", completou.

As providências devem começar a ser tomadas já na próxima semana, o deputado Carlos Chiodini propôs a elaboração de um dossiê, com base nas informações colhidas durante o encontro, que será levado a Brasília e entregue às autoridades competentes."Os produtores manifestaram seu descontentamento e demonstraram que a importação é indevida. Vamos formalizar esse descontentamento e ir até Brasília para buscar a proibição da importação, que é a solução para o momento", disse. Chiodini também propôs envolver a bancada catarinense na Câmara dos Deputados e os senadores do Estado na discussão. "Vamos ainda tentar uma audiência com o vice-presidente da República, Michel Temer, para tratar do assunto e barrar a importação da fruta", completou.

Além dos produtores, prefeitos e vereadores da região e especialistas na área agrícola participaram da audiência em Guaramirim. 

Fotos – Fabio Lima

Fabio Lima
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