Dois representantes do Projeto Tamar-Sul, que trabalha na proteção das tartarugas marinhas no litoral sul, estiveram na tarde desta quinta-feira (08) em Barra Velha. Eles trouxeram uma exposição itinerante, que fala sobre a importância da preservação destes animais e os trabalhos realizados pela Ong e também deram uma palestra de conscientização, na Sociedade Recreativa.
A exposição foi trazida pela Fundação Municipal de Meio Ambiente (FUNDEMA), para alertar pescadores e moradores sobre os problemas que as tartarugas vêm sofrendo nos últimos anos. Durante toda a tarde, alunos das escolas do município e moradores estiveram visitando a exposição. Os pesquisadores também trouxeram uma Tartaruga-Verde, ou Aruanã, que foi solta na Praia das Canoas. O animal tinha uma idade aproximada de 10 anos e foi capturada na Praia da Pinheira, em Palhoça, cerca de duas semanas. Das sete espécies existentes no mundo, cinco ocorrem no Brasil. Depois deram uma palestra para alunos, moradores, pescadores e representantes da polícia e bombeiros na Sociedade.
O tema mais discutido foi o da ameaça de extinção. Segundo o veterinário do Tamar, Eduardo Tadashi, um dos principais problemas é o da pesca incidental. "Uma das tartarugas mais ameaçadas é a Gigante, ou De-Couro, ela vive, principalmente, em alto mar, onde ocorre a pesca industrial. Muitas acabam sendo capturadas e mortas por anzóis do tipo jota, usados nestas pescarias. O Tamar está trabalhando em pesquisas no uso de outros tipos de anzóis, o que já representou uma queda significativa na captura das Gigantes. Teremos um resultado oficial em dezembro", explicou.
Outro fato da preocupação com a Tartaruga-Gigante, é o do local da desova. "Ela apenas desova em uma praia do Espírito Santo, e em 2006 apenas seis fêmeas desovaram aqui no Brasil. Já conseguimos transformar o local em um parque ambiental, o que ajudará na sua perpetuação", ressalta Tadashi. No Brasil as tartarugas desovam do litoral norte do Rio de Janeiro ao extremo norte do litoral nordestino.
Mas as estatísticas são contras esses animais. A cada mil, apenas uma ou duas chegam à maturidade. E são estas poucas que acabam sendo mortas pela ação do homem. "Esta interferência do homem é a maior preocupação do Tamar. A pesca predatória, matança nas praias, captura dos ovos, tartarugas que se afogam nas redes de pescadores, são algumas destas interferências. Isso levou à implantação de uma base em Florianópolis. "No litoral sul não há desova, mas existe a pesca incidental e predatória. Como estes animais estão subindo a costa para desovar no nordeste, acabam morrendo por aqui (sul), por isso o trabalho nesta região será bem reforçada", explica Tadashi.
Já os resultados com os trabalhos de conscientização em algumas regiões, estão alegrando os pesquisadores. "Através do projeto já conseguimos, em várias comunidades, mudar o pensamento das pessoas que tiravam lucro com a morte das tartarugas e hoje ganham a vida com sua preservação", comenta satisfeito o veterinário.
Tamar
O Projeto TAMAR foi criado em 1980, com o objetivo de salvar e proteger as tartarugas marinhas do Brasil. Pesquisadores levaram dois anos percorrendo o litoral brasileiro para a identificação das espécies, locais de desova, período de desova e os principais problemas relativos à exploração.
Depois de identificados os principais pontos de desova, o trabalho de conservação começou pela Bahia (Praia do Forte), Espírito Santo (Comboios) e Sergipe (Pirambú). No dia 18 de janeiro, o TAMAR marca uma tartaruga marinha pela primeira vez no Atol das Rocas.
Alguns resultados do Projeto*
1992: 1 milhão de filhotes protegidos e liberados ao mar
1995: 2 milhões de filhotes protegidos e liberados ao mar
1999: 3 milhões de filhotes protegidos e liberados ao mar
2000: 4 milhões de filhotes protegidos e liberados ao mar
2003: 5 milhões de filhotes protegidos e liberados ao mar
2005: 7 milhões de filhotes protegidos e liberados ao mar
2007: 8 milhões de filhotes protegidos e liberados ao mar
*Fonte: Projeto Tamar www.projetotamar.org.br
Fonte: Prefeitura Municipal de Barra Velha