Sede da AMVALI também foi invadida pelas águas
As chuvas que iniciaram na madrugada de quinta-feira (20) e seguiram até o domingo (23) causaram muitos alagamentos, deslizamentos de terra e desalojaram centenas de pessoas nos municípios do Vale do Itapocu. A Associação dos Municípios do Vale do Itapocu – AMVALI também foi prejudicada, o piso térreo foi totalmente tomado pela água e pela lama, causando enormes prejuízos e paralisando parcialmente as atividades.
Em Barra Velha, segundo o Prefeito Samir Mattar os prejuízos foram pequenos, mas poderiam ter sido piores, se a Boca da Barra não fosse aberta emergencialmente para dar vazão ao Rio Itapocu e conseqüentemente impedir alagamentos nas regiões ribeirinhas de Barra Velha e Araquari (como Morro Grande, Barra do Itapocu e Quinta dos Açorianos). De acordo com o Prefeito Samir "a fixação da desembocadura do rio Itapocu tem impacto regional, já que boa parte das cheias em cidades como Massaranduba, Jaraguá do Sul e Guaramirim acontecem justamente por conta do assoreamento do rio em seu trajeto final, entre Barra Velha e Araquari. A abertura emergencial ocorreu já entre as obras dos novos molhes que servirão para fixar o canal. Em poucos minutos, a força da água garantiu a vazão em direção ao mar". Integrantes da Defesa Civil também fizeram um mapeamento de áreas alagadas em Itajuba, Vila Nova, Sertãozinho, São Cristóvão e região da lagoa.
No município de Corupá, o Prefeito Luiz Carlos Tamanini decretou situação de emergência, pois a enxurrada destruiu pontos e estradas, além disso, várias comunidades foram alagadas. A BR 280 que liga Jaraguá do Sul a Corupá, no KM 79 foi interditada durante o final de semana e hoje foi liberada. Uma das regiões mais atingidas foi a comunidade de Pedra de Amolar.
Já em Guaramirim, o Prefeito Nilson Bylaardt e também Presidente da AMVALI, destacou que a produção agrícola, principalmente os arrozais foram fortemente afetados, causando prejuízos aos produtores rurais. Foram registrados alagamentos em quase todas as comunidades e segundo o Prefeito a comunidade da Figueirinha foi a mais atingida. Outros 100 pequenos deslizamentos foram detectados no município e ontem as comunidades de Tibagi e Putanga ainda estavam sem energia elétrica. A Prefeitura de Guaramirim está dando todo apoio necessário a população, melhorando os acessos e fazendo um levantamento para buscar recursos para reconstruir o que foi danificado.
Em Jaraguá do Sul, a Prefeita Cecília Konell juntamente com seu secretariado municipal e Defesa Civil prestaram coletiva a imprensa para divulgar os estragos. Os principais dados divulgados foram: 120 mil pessoas afetadas; um óbito; 4 pessoas ficaram feridas; 182 desabrigadas; 16 mil residências foram danificadas e 54 destruídas; 200 residências foram interditadas; 12 imóveis públicos foram afetados; quanto as áreas de risco 97 foram identificadas; houve a emissão de mais de 3 mil laudos técnicos pela Defesa Civil; 6 pontes foram destruídas; 20 pontilhões e pontes danificadas; 30 ruas de lajotas/paralelepípedos foram destruídas; 35 ruas asfaltadas foram destruídas e cerca de 180 quilômetros de extensão de ruas de saibro foram igualmente danificadas.
Segundo a Prefeita Cecília, a previsão é que serão necessários mais de 20 mil metros cúbicos de macadame para regularizar a situação. Caminhões e máquinas da Prefeitura estão recolhendo móveis e entulhos que estão sendo deixados em frente às residências atingidas por deslizamentos de terra e alagamentos. Quanto à limpeza das ruas, os serviços já foram iniciados para que as pessoas possam trafegar tranquilamente pelas vias. Os serviços mais demorados é que necessitam de recursos consideráveis são os de pavimentação de ruas destruídas e reconstrução de ponte. Os prejuízos devem ser superiores a R$ 20 milhões.
O Secretário da Defesa Civil, Jair Alquini, destacou o baixo número de pessoas mortas e feridas em função de o município ter dado "uma resposta rápida ao desastre com o acionamento do Plano Municipal de Emergência", apresentado em novembro do ano passado e composto por representantes da administração municipal, entidades civis de Jaraguá do Sul e do Colegiado de Defesa Civil da AMVALI. "Ligamos no início da semana para todas as rádios da região solicitando aos moradores de áreas de risco que deixassem suas residências. Acredito que isso tenha sido fundamental na preservação de vidas. O município mostrou que tem um plano para dar uma resposta rápida a desastres", diz Alquini.
Segundo o geólogo Normando Zitta entre os dias 18 e 23 deste mês choveu 377 milímetros em Jaraguá do Sul e região. "Só na sexta-feira (21), foram 145 milímetros de água, quantidade que equivale a sete dias de chuva em situação normal. Destes 145 milímetros, 120 foram registrados em apenas 1h30".
O recebimento de donativos está centralizado na Arena Jaraguá, onde equipes de trabalho estão montando as cestas básicas para serem entregues às pessoas atingidas pelas enxurradas. A Prefeitura solicita à população os seguintes alimentos: leite em pó ou longa vida, arroz, feijão, farinha de trigo, açúcar, café, farinha de mandioca, farinha de milho, macarrão, biscoito e barra de cereal. Quanto à roupa de cama, as principais necessidades são fronha, lençol e cobertor. Colchão, em bom estado, toalhas de banho e de rosto também estão sendo solicitados com urgência. Os donativos devem ser entregues somente na Arena Jaraguá, localizada no bairro Nova Brasília, em frente ao 14º Batalhão da Polícia Militar. Os coordenadores dos trabalhos solicitam, também, voluntários para auxiliar no recebimento e separação dos donativos.
No município de Massaranduba, um bebê de apenas três meses perdeu a vida. Foram detectados vários alagamentos e deslizamentos de terra. Segundo o Prefeito Mário Fernando Reinke, "150 pessoas ficaram desalojadas e foram para casa de vizinhos, parentes e amigos. Quanto ao prejuízo em obras e serviços foi de R$ 3.335.000,00, na agricultura foi de 250 mil sacas de arroz o que totaliza R$ 6.705.000,00, quanto aos danos ao patrimônio público (escolas, creches, quadras de esporte, postos de saúde) e particular chegam a R$ 665 mil. Ao todo o prejuízo foi de 10 milhões e 705 mil reais.
Já em Schroeder, segundo informações do gabinete do Prefeito Felipe Voigt, foram detectados alagamentos, escorregamento de terras, com danos a diversos bens públicos e aos sistemas de água e esgoto, drenagem pluvial e transportes. Durante toda a semana, desde o dia 14 de janeiro, o município de Schroeder foi atingido por intensas precipitações pluviométricas, que causaram danos elevados, tanto aos moradores quanto aos bens públicos municipais.
Dentre as comunidades atingidas pelas chuvas estão os bairros Rio Hern, Rancho Bom, Duas Mamas, Schroeder I, Centro e Centro Norte.
O Prefeito também salienta que as localidades severamente atingidas pelas chuvas do dia 21 e 22 de janeiro foram os bairros Braço do Sul e Bracinho. No Braço do Sul, dezenas de famílias tiveram suas casas atingidas por deslizamentos de terra e enxurradas, sendo que cinco casas foram parcialmente destruídas, obrigando os moradores a retirarem-se do local. Uma barragem foi destruída, assim como a cabeceira de uma ponte de concreto, que liga o bairro até a localidade de Rancho Bom. No Bracinho, pelo menos duas residências foram atingidas por deslizamento de terras, ficando isoladas, e ao menos a 30 residências não há a possibilidade de se chegar de carro ou veículos maiores, em função do comprometimento de uma ponte de madeira na Tifa Araribá.
As chuvas desse dia deixaram toda a população do município sem água, uma vez que a adutora apresentou obstrução, e diversos pontos da rede foram rompidos. A Prefeitura Municipal, por meio das Águas de Schroeder, buscou durante todo o sábado e domingo restabelecer a plenitude do sistema, sendo que a água retornou a diversos pontos na madrugada de sábado para domingo.
O saldo dos danos materiais das chuvas foi o seguinte: severos danos no sistema de abastecimento de água do município; duas pontes de concreto ruíram; uma ponte de concreto está severamente danificada; uma ponte (galeria) está severamente danificada; duas pontes de madeira estão intransitáveis; diversas pequenas pontes e galerias foram levadas pela água; o sistema viário municipal, principalmente nas áreas rurais, está com vários pontos danificados; aproximadamente 300 residências foram atingidas diretamente pelas águas ou escorregamentos de terra; e 10.000 moradores foram afetados pelas chuvas. No entanto, o Município não registrou nenhum óbito ou dano à integridade física dos cidadãos. A Prefeitura Municipal atuou em regime de plantão ininterrupto, desde o dia 21 de janeiro até 23 de janeiro, juntamente com a Defesa Civil Municipal, na sede da Administração, atendendo à população pelo telefone 3374 1191. A Prefeitura de Schroeder já decretou estado de emergência no município, e está em contato com a Defesa Civil Estadual para tão logo restabelecer os serviços públicos a toda a população.
Já na sede da AMVALI, localizada na Rua Arthur Gumz, 88 – Vila Nova – Jaraguá do Sul, foi a segunda vez, desde a inauguração em 2000, que ela foi parcialmente destruída pelas águas. A primeira ocasião foi em 22 de novembro de 2008, quando as águas atingiram 1,60m de altura no auditório da entidade. Já em 2011, o nível ficou em 1,10m, o que porém não evitou prejuízos. Foram igualmente prejudicados todo mobiliário da recepção, auditório e cozinha, inclusive os eletrodomésticos. Além disso, os dois veículos utilizados pelos técnicos da entidade para atendimento aos Municípios foram inutilizados.
Fontes:
Prefeito de Barra Velha, Samir Mattar e Assessoria de Comunicação.
Prefeitura de Corupá.
Prefeito de Guaramirim, Nilson Bylaardt.
Diretor de Comunicação da Prefeitura de Jaraguá do Sul, Agostinho Oliveira.
Prefeito de Massaranduba, Mário Fernando Reinke.
Gabinete da Prefeitura Municipal de Schroeder.