You are currently viewing Sociedade precisa consumir alimentos mais saudáveis

Sociedade precisa consumir alimentos mais saudáveis

  • Post author:
  • Post category:Sem categoria

  Os produtos orgânicos contribuem para o desenvolvimento sustentável

O Engenheiro Agrônomo Silvio Roberto Holz, palestrou sobre "Revolução Verde e Sustentabilidade Ambiental" na terça-feira, dia 06, na Escola de Governo e Cidadania da AMVALI. Silvio falou sobre conceitos, cenários e oportunidades do desenvolvimento orgânico na preservação ambiental, saúde e inclusão social. Destacou consequências negativas da utilização de agrotóxicos: mortalidade, doenças e aumento da poluição. A utilização de insumos químicos ocasiona a poluição do solo e da água e a irrigação mal conduzida acarreta a salinização do solo. Toda a sociedade vem arcando com riscos e custos decorrentes do desequilíbrio entre agricultura e meio ambiente e da monocultura em larga escala.

Atualmente, as principais consequências do descaso ambiental são: a perda de pelo menos 75% da agrobiodiversidade; a diminuição da resiliência ambiental; o aumento da emissão de gases; a desagregação social; o aumento significativo da vulnerabilidade dos agricultores e agroecossistemas; e a perda de autonomia sobre as sementes.

O palestrante apresentou fotos do Museu Entomológico Fritz Plaumann, onde existem 85.000 insetos em exposição, de 17.000 espécies. Destes 80% já não existem mais. Explicou sobre a produção de frangos que são confinados, a ampliação da utilização de rações, o uso intensivo de antibióticos e hormônios. Anualmente, são perdidas mais de 9 milhões de carcaças de frango por lesões devidas a densidade do sistema de confinamento. Quanto aos maus tratos nos frangos submetidos à alta carga de estresse, a carne fica pálida e pode chegar a ter pontinhos de sangue. Já a de suínos fica pálida e solta água. A do bovino parece mais escura e seca na superfície.

Segundo Silvio, "nós não podemos usar produtos que favoreçam o agronegócio em detrimento da saúde, uma vez que o uso desses produtos é responsável por forte incidência de câncer na nossa população, que precisa, portanto, ser protegida e informada. E, para quem mora na cidade, e dorme o sono dos anjos, é bom saber que os inseticidas se degradam muito lentamente, permanecem anos no meio ambiente, e se deslocam a grandes distâncias pelas correntes de ar e de água".

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. De acordo com a ANVISA os alimentos que possuem alto índice de agrotóxicos são: em 1º lugar com 64,36% o pimentão, em 2º com 36,05% o morango, em 3º a uva com 32,67%, em 4º com 30,39% a cenoura, em 5º com 19,8% a alface e em 6º com 18,27% o tomate.

A posição, antes ocupada pelos Estados Unidos, foi assumida em 2008 pelo Brasil, ano em que o mercado de agrotóxicos movimentou sete bilhões de dólares. Foi naquele ano também que uma série de decisões judiciais impediu a ANVISA de realizar a reavaliação de 14 ingredientes ativos (utilizados em mais de 200 agrotóxicos).

A soja e o milho são as culturas que mais utilizam agrotóxicos no Brasil, recebendo 66% de todos os insumos químicos utilizados anualmente no país. Em 2009, foram comercializadas 725,6 mil toneladas de agrotóxicos, o que, para uma população de 191,5 milhões de habitantes representa um consumo de 3,79 kg/habitante.

O palestrante também salienta que o mundo está na era do grande consumo de carboidratos refinados. Este consumo causa obesidade e diabetes tipo II, e que metade das crianças que estão nascendo a partir do ano 2000, serão diabéticas quando adultas. No Brasil com uma história antiga de desnutrição, a má nutrição e a obesidade já predominam.

Os objetivos dos Sistemas Orgânicos são a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável. Os benefícios é que estes sistemas não utilizam agrotóxicos, adubos químicos, antibióticos, hormônios e outros insumos químicos em seu processo de produção. Este sistema respeita os animais criados, não utiliza transgênicos, radiação ionizante e nem nanotecnologia.

Os orgânicos contribuem para o desenvolvimento sustentável através da saúde preventiva; da inclusão social (trabalho digno, geração de renda, menos pressão sobre as cidades); da preservação da natureza; da preservação da biodiversidade; da preservação cultural; da fixação do agricultor no campo; da promoção do desenvolvimento local; do incremento da soberania nacional; e da melhoria da qualidade de vida.

Silvio finalizou dizendo que "estamos vivendo uma era de desesperança. Síndrome do pânico, suicídios, depressão e outras doenças do sistema nervoso central em proporções epidêmicas. Os orgânicos podem mudar esta realidade, basta que adotemos uma nova consciência solidária, e utilizemos nosso poder de consumidor. A maneira como consumimos define o tipo de sociedade que queremos construir".