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Mário Motta ministra palestra na Escola de Governo

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O comunicador do Grupo RBS, Mário Motta palestrou na noite de ontem (25) sobre "A influência da mídia nas decisões políticas", na Escola de Governo e Cidadania da AMVALI. Segundo Mário Motta "as pessoas vêem e sentem o mundo de forma diferente. Cada um "filtra" o mundo da sua maneira. Cada um possui preconceitos, medos, interesses pessoais, que mudam a forma como entende as coisas. Duas pessoas que estão lado a lado vendo um fato podem não contar a mesma história. É importante eliminar os ruídos de comunicação na produção de uma matéria".

A melhor forma de contar uma história é assistindo-a pessoalmente. E, mesmo assim, deve-se ouvir o maior número possível de pessoas que viram ou participaram do fato. O palestrante citou como exemplo um acidente de trânsito. Cada um vai dar sua versão, recheada de opiniões pessoais. Cada um vai contribuir com a reconstrução de uma realidade que passou. Com a sobreposição de versões é possível montar um retrato aproximado do fato. Quanto mais versões ouvidas, mas fiel será o retrato.

De acordo com Mário Motta "não busque apenas a versão dos poderosos, das autoridades. Vá atrás também da versão dos pequenos, dos excluídos, pois esses são o combustível que movimenta a roda da história. Com isso, você nunca encontrará a "verdade", mas terá um bom reflexo dela. Para garantir, um conselho: seus olhos e ouvidos podem te enganar".

Manipulamos a informação quando: escolhemos determinado entrevistado e não outro por conta de afinidades pessoais ou de opinião (é normal a gente procurar pessoas que pensam como a gente); tomamos como referência apenas uma fonte bibliográfica (um livro bonito não conta necessariamente a verdade); não ouvimos o "outro lado" da notícia (não ter direito à defesa pode acabar com a vida de alguém); por preguiça ou incompetência, não checamos as informações (surge cada besteira); enquadramos uma determinada imagem em uma fotografia (Por que tal pessoa ficou de fora? Por que ela aparece bocejando?); alteramos manipulamos digitalmente para retirar algo que consideramos incômodo ou para passar uma ideia diferente, mesmo com boa intenção.

O comunicador também falou sobre a censura versus a autocensura. Os veículos não são imparciais, mas não são os únicos culpados pela censura nas redações. O alinhamento automático do jornalista com a linha editorial do veículo, seja por medo, preguiça ou conivência, faz com que uma boa pauta morra antes mesmo de nascer. Tendo interiorizado a lógica do sistema, a maior parte dos jornalistas adere alegremente às suas exigências. Agem de forma orquestrada, sem necessidade de serem orquestrados.

Abordou também elementos de opinião (charge, artigo e editorial); elementos noticiosos (reportagens, notícias e fotografias); o posicionamento político e ideológico do jornalista; e sobre a ética, ressaltando como evitar que os preconceitos e interesses pessoais mudem (muito) o conteúdo de uma história.