Defesa Civil entrega projetos de revitalização e recuperação de rios
O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu realizou a XVIII Assembleia Geral Ordinária na quarta-feira, dia 24, na sede da AMVALI. A assembleia foi conduzida pelo Vice-Presidente do Comitê – Ronaldo Klitzke; pelo Secretário Executivo do Comitê e da AMVALI – Alessandro Hansen Vargas que no ato representou o Presidente da AMVALI – Prefeito Felipe Voigt por razões de força maior; pela Consultora do Comitê – Anja Meder Steinbach; e contou com a participação do Prefeito eleito de Guaramirim, Lauro Fröhlich que acompanha os trabalhos do comitê desde sua criação e que elogiou a iniciativa da AMVALI que criou o comitê em 2001. Também participaram da reunião alunos do quarto módulo de Química do SENAI de Jaraguá do Sul acompanhados do professor e mestrando em Engenharia Ambiental, Adenirson Draeger.
A assembleia iniciou com um exercício de representatividade para que os integrantes do comitê se situassem na bacia hidrográfica. Em seguida, a Defesa Civil de Jaraguá do Sul realizou a entrega de projetos de revitalização e recuperação da capacidade hídrica dos rios: Rio da Luz, Rio Cerro, Ribeirão Três Rios e Ribeirão Chico de Paulo, que fazem parte da sub-bacia do Rio Jaraguá, ao Comitê Itapocu. O comitê encaminhará os projetos para a Secretaria de Estado de Defesa Civil para obtenção dos recursos necessários para sua execução. Os projetos foram entregues pelo Secretário de Defesa Civil de Jaraguá do Sul, Jair Alquini e pelo Coordenador Regional da Defesa Civil, Antonio Edival Pereira.
Após foi apresentado o vídeo "Atitude Iniciativa" que trouxe uma reflexão sobre a importância de termos atitude e iniciativa na gestão dos recursos hídricos e realizada a leitura da ata da XVII Assembleia Geral Ordinária do comitê que foi aprovada por unanimidade.
TRABALHOS TÉCNICOS
Seguindo a ordem do dia foram apresentados três trabalhos técnicos desenvolvidos através da parceria entre o Comitê Itapocu e a AMVALI, visando fornecer subsídios técnicos ao comitê em 2012. O primeiro trabalho foi "Estatísticas de uso do solo por município na região do Vale do Itapocu" apresentado pela estudante de Engenharia Florestal, Karine Rosilene Holler, cujo objetivo foi identificar, classificar e mensurar as várias formas de ocupações do solo da Bacia do Itapocu.
O estudo utilizou como metodologia a ferramenta i-Tree Canopy (USDA – United States Department of Agriculture); e foi baseada no estabelecimento aleatório de pontos e na interpretação supervisionada em imagens de alta resolução (Google Earth, 2011). Foram analisadas as seguintes classes: bananicultura, rizicultura, reflorestamento, área urbana, nuvens, pastagem, outras classes e culturas, vegetação natural e águas.
Já o segundo estudo apresentado foi o "Diagnóstico da situação das APPs nas margens do Rio Itapocu em toda sua extensão", pela estudante de biologia Jéssica Thais Alievi. O objetivo é diagnosticar a situação das APPs nas margens do Rio Itapocu, identificando os tipos de pressão antrópica exercida sobre a mata ciliar. A metodologia de trabalho foi baseada em fotos aéreas e com auxílio do software de geoprocessamento que gerou pontos de análise em toda extensão do Rio Itapocu. Os pontos formaram uma rede da qual foram selecionadas as áreas de análise. Em seguida, os dados estão sendo registrados nas fichas de descrição e compilados e transformados em gráficos para melhor interpretação.
O terceiro trabalho apresentado foi da estudante de biologia Greice Kelly Wittkoski, intitulado "Estudo qualitativo da água em alguns trechos do Rio Itapocu e seus afluentes". O objetivo geral do estudo foi classificar a qualidade da água em 06 pontos monitorados entre 2001 e 2011 pelo SAMAE, distribuídos em rios da Bacia do Itapocu. Dentre os resultados observou-se que os parâmetros que mais variaram são Coliformes termotolerantes, turbidez e fósforo.
Os coliformes termotolerantes são resultantes de despejo de esgoto doméstico sem tratamento nos corpos d'água. Os coliformes estão associados às fezes de animais de sangue quente, restritas ao trato intestinal destes animais. Seu uso para indicar poluição sanitária mostra-se significativo, e indica a possibilidade de microorganismos patogênicos. A turbidez ocorre devido à presença de materiais sólidos em suspensão, que reduzem a sua transparência.
A erosão das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo de fenômeno que gera aumento da turbidez das águas, assim como os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais. O escoamento da água sobre a camada superficial do solo de áreas agrícolas durante as chuvas é a principal fonte difusa de poluição aos mananciais hídricos. O fósforo chega às águas de superfície através de diversas fontes naturais e antrópicas. O fósforo está presente nas fezes e é utilizado em adubos, e em defensivos agrícolas. Está presente também em detergentes e produtos de limpeza, na indústria alimentar. Como conseqüência, efluentes residenciais, de atividades agrícolas e também industriais são as maiores fontes de fósforo, poluentes dos corpos hídricos superficiais. O restante dos parâmetros mantiveram-se todos dentro da classe II da Resolução CONAMA 357/2005.
SIG AMVALI
A seguir a Analista de Projetos e de Geoprocessamento da AMVALI, Caroline Coelho explanou sobre o Sistema de Informações Georreferenciadas da Bacia do Itapocu junto ao SIG AMVALI. Explicou genericamente sobre o conceito de SIG, que é um sistema constituído para suportar a captura, gestão, manipulação, análise, modelação e visualização de informação referenciada no espaço, com o objetivo de resolver problemas complexos de planejamento e gestão que envolvem a realização de operações espaciais.
O SIG compõe-se basicamente de quatro elementos: Hardware (PC), Software (ARCGIS, QGIS, GEOSERVER), informações e recursos humanos (técnicos), já a sua dinâmica operacional consiste em trabalhar a nível de Desktop, importar as informações para um banco de dados, ou seja, um Servidor e posteriormente a publicação e compartilhamento dos dados via Web.
O SIG pode ser acessado através do site http://sig.amvali.org.br/. Dentro do SIG há informações sobre o Comitê Itapocu refere a cursos d'água, a Bacia do Itapocu, municípios da bacia, estações hidrometeorológicas, unidades de conservação, entre outros.
PLANO DE PREVENÇÃO
Outro assunto apresentado e discutido durante a assembleia foi referente a elaboração do "Plano de Prevenção de Cheias para a Bacia do Rio Itapocu", explanado pelo Geólogo da Defesa Civil de Jaraguá do Sul e consultor da FUJAMA, Normando Zitta.
O objetivo principal do plano é fornecer dados técnicos para que sejam tomadas ações visando prevenir e mitigar os desastres naturais relacionados a enchentes e inundações em âmbito local, municipal e regional (escala da bacia hidrográfica). O plano é composto de quatro etapas: o diagnóstico, o prognóstico, medidas e a divulgação.
O diagnóstico engloba: o mapeamento das estações meteorológicas existentes e a serem implantadas nos municípios; a delimitação das áreas atingidas pela inundação dos rios nos eventos de 2008 e 2011; a delimitação em escala 1:50.000 do uso e ocupação do solo; a delimitação em escala 1:50.000 das áreas florestadas; a vetorização e classificação hierárquica dos rios, ribeirões, riachos da Bacia do Rio Itapocu; a geração de Mapa Plani-Altimétrico (com base nas cartografias disponíveis); a geração de mapas contendo os principais elementos territoriais tais como divisas de municípios, limites de zonas rurais e urbanas, manchas urbanas etc.
O prognóstico envolve cálculos de vazão, modelagem numérica e modelagem de cenários. Após as medidas englobam medidas estruturais e medidas não estruturais. E por fim a divulgação que será realizada para várias organizações e para a sociedade. A elaboração do plano levará em torno de 20 meses.
Para finalizar a assembleia, a Consultora do Comitê Itapocu, Anja Meder Steinbach apresentou o relatório de atividades da consultoria prestada este ano ao comitê.