O Mestre em Sociologia Política pela UFSC, professor e pesquisador André Geraldo Soares ministrou palestra sobre "Mobilidade Urbana" na noite de ontem (3), na Escola de Governo e Cidadania da AMVALI. Segundo André a mobilidade é o deslocamento por um motivo, pressupõe atividade e participação está associada com as funções sociais e organização do espaço. A mobilidade urbana engloba a acessibilidade, o ordenamento do trânsito, o sistema viário e os meios de transporte.
A mobilidade não é somente o deslocamento de pessoas dentro e fora da cidade. Ela está associada com a organização do espaço, com as atividades que as pessoas realizam (ou desejam realizar) na cidade, ou seja, tem relação direta entre o transporte e o uso do solo urbano. A mobilidade urbana engloba o sistema viário, os meios de transporte e o trânsito.
De acordo com André o trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres rege-se pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades de trânsito adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.
Os órgãos e entidades de trânsito respondem por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro. Conforme o artigo 29 do CTB, os condutores motorizados devem zelar pela segurança dos não motorizados.
André ressaltou que até o século XIX, as distâncias percorridas nas cidades podiam ser cobertas a pé, de bicicletas ou por carroças, os padrões das ruas e as dimensões dos caminhos foram desenhados de acordo com essa necessidade. A utilização do trem como meio de transporte passou a influenciar nas modificações das estruturas urbanas e a substituir aos poucos os meios até então utilizados. O automóvel foi responsável pela inserção da ideia de transporte motorizado na cidade; o desenho e modo de vida urbano passaram a ser definidos pelo e para o automóvel.
O palestrante explanou também sobre: os tipos de veículos; o sistema viário para motorizados, para não motorizados e para intersecção; a urbanização modernista; a indústria automobilística; a sociedade motorizada individualista; a cadeia produtiva; obras de infraestrutura viária; efeitos do modelo automobilístico como o consumo de recursos naturais e de energia nos transporte; os biocombustíveis; os mitos da mobilidade urbana; a Política Nacional de Mobilidade Urbana; pedagogia nas ruas; o uso da bicicleta como meio de transporte e mobilidade; entre outros.
Hoje os automóveis chegam a ocupar até 50% do espaço urbano e 20% do custo de um carro é pago pelo seu proprietário, o restante (efeitos da poluição, perda de tempo no trânsito, acidentes, obras rodoviárias) é pago por toda a sociedade. No Brasil morrem cerca de 33 mil pessoas por ano em acidentes de trânsito, aproximadamente 6% dos acidentes de trânsito envolvem ciclistas. Em Florianópolis, 42% das vítimas de acidentes de trânsito são pedestres e a capital possui um automóvel para cada 2,6 habitantes. Cada automóvel em trânsito possui, em média, 1,5 ocupantes (aproximadamente 60% dos veículos carregam apenas o motorista).