O mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Univali, oceanógrafo e presidente da Fujama, Leocádio Neves e Silva palestrou sobre o tema "Recursos Hídricos", na noite de ontem (5), na Escola de Governo e Cidadania da AMVALI. A palestra iniciou abordando os desafios do século XXI relacionadas aos recursos hídricos.
Segundo Leocádio "a água é o constituinte inorgânico mais abundante da matéria viva, imprescindível para que ela se mantenha. Conforme estimativas há na Terra aproximadamente 1,36 quatrilhão de toneladas de água. A água representa 70% da massa do corpo humano. Uma pessoa pode suportar 30 dias sem comer, mas apenas 7 dias sem beber água. São atividades dependentes de água: atividades agropecuárias, da indústria e o consumo doméstico. Não apenas a quantidade, mas principalmente, a qualidade da água diminui a cada dia em função da má utilização. O despejo de agrotóxicos, efluentes sem tratamento, desflorestamento, queimadas e o desperdício contribuem para sua escassez".
A água é o destino final de todo poluente que tenha sido lançado, não apenas diretamente na água, mas também no ar e no solo. No contexto internacional 35% da população mundial não tem acesso à água tratada; 43% não contam com serviços de saneamento básico; 10 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças de veiculação hídrica. Deste número, 5 milhões têm menos de 18 anos, sendo 4 milhões de crianças.
Cerca de 70% dos efluentes industriais não tratados são despejados diretamente em corpos de água doce no mundo. Em Israel, 70% da água servida é reutilizada na irrigação. Somando Golfo Pérsico, Califórnia, Espanha, Malta, Austrália, Índia, Caribe e Bonaire, há cerca de 7.500 usinas de dessalinização da água do mar. Juntas, convertem 4,8 bilhões de m³/ano. Nos países de terceiro mundo: 80% das doenças e 33% das mortes são decorrentes da falta de água potável; 65% das internações hospitalares e 80% das consultas médicas estão associadas a doenças de veiculação hídrica. De cada 100 crianças internadas em hospitais, 60 adoeceram por consumir água contaminada; 2,8 bilhões é o número de pessoas que a ONU acredita que, em 2025, estarão residindo em regiões vitimadas por secas crônicas.
Na média, a população brasileira utiliza 0,83% do potencial hídrico do país. Demanda hídrica per capita do brasileiro (1,13 m³/hab.dia), é inferior à média mundial (2,74 m³/hab.dia). De acordo com Leocádio 89% da disponibilidade potencial de água concentra-se na região Norte (principalmente na Bacia do Rio Amazonas) e cerca de 14,5% dos brasileiros residem nestas regiões. A região soma apenas 9,6% da demanda hídrica. Os outros 11% da disponibilidade distribuem-se nas demais regiões (Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), onde se concentram 85,5% da população do país e 90,8% da demanda (regiões de agricultura intensiva ou mais industrializadas).
Estima-se entre 35 e 40% as perdas de água tratada no País, as razões são: equipamentos e estruturas defasadas e sucateadas; falta de conscientização da população; falta de capacitação dos processos de gestão; e falta de planejamento de longo prazo. Pequenas mudanças de hábitos podem contribuir grandemente para a conservação da água.
O palestrante também falou sobre o gerenciamento de bacias hidrográficas; a Política Nacional de Recursos Hídricos Lei Federal Nº 9.433/97; os princípios legais
da gestão de recursos hídricos; os principais desafios da gestão dos recursos hídricos; e os objetivos dos Comitês de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas.
Na próxima quarta-feira (11), o jornalista Mário Motta palestrará sobre "A influência da mídia nas decisões políticas", às 19 horas, na AMVALI.
Adriane Schimainski dos Santos
Assessora de Comunicação (SC01971JP)
Twitter: @amvali_sc | http://www.facebook.com/amvalisc
Tel.: (47) 3370-7933
Atuando decisivamente para o desenvolvimento do Vale do Itapocu.