O presidente da FUJAMA e mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade do Vale do Itajaí, Leocádio Neves e Silva palestrou na noite de ontem (1º) para os alunos da Escola de Governo e Cidadania da AMVALI. O tema da palestra foi "Os Desafios do Desenvolvimento Sustentável".
Leocádio iniciou destacando que estima-se que a Terra tenha 4,6 bilhões de anos e sobre as etapas do desenvolvimento humano. A sociedade dos últimos 100 anos caracteriza-se uma sociedade de consumo, em que a oferta excede geralmente a procura e foi marcada pelo surgimento do desenvolvimento industrial, onde tornou-se mais difícil vender os produtos e serviços do que fabricá-los.
Em 2008 foram vendidos no mundo: 68 milhões de veículos; 85 milhões de refrigeradores; 297 milhões de computadores; e 1,2 bilhão de telefones celulares. De acordo com Leocádio "este excesso de oferta exigiu estratégias de marketing agressivas e sedutoras e facilidades de crédito. É, assim, fruto do capitalismo, que prega a expansão da produção para garantir a sustentação da economia e o bem-estar das pessoas".
A população humana passou de 1,5 bi para mais de 7 bilhões; 7 das 10 cidades mais populosas do mundo estão no bloco dos BRICS; Déli tem uma densidade de 25.535 hab./km²; a atividade econômica global aumentou 12 vezes; ocorreu um aumento de 80% nos gases do Efeito-Estufa; 40% das reservas de petróleo já foram exauridas. Os humanos consomem demais os recursos naturais, contaminam e consomem em oito meses o que a Terra pode produzir de forma durável em um ano.
O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, são medidas propostas pelo Relatório Bruntland (escala global): limitação do crescimento populacional; garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo; preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis; aumento da produção industrial nos países em desenvolvimento (não industrializados) buscando tecnologias ecologicamente adaptadas; controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; e o atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
São necessários também: a adoção de estratégias de desenvolvimento sustentável pelas organizações que fomentam o desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento); a proteção internacional dos ecossistemas supranacionais como a Antártida, oceanos etc.; banimento das guerras; implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela ONU; uso de novos materiais na construção; reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais; aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia (i.e., solar, eólica, geotérmica); reciclagem de materiais; consumo racional de água e de alimentos; redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.
Leocádio disse que "para se alcançar a sustentabilidade, o meio ambiente não é a única questão. Devem-se adotar medidas socialmente justas, culturalmente aceitas, economicamente viáveis e ecologicamente corretas. Os desafios para se alcançar a efetiva sustentabilidade são: garantir que o uso dos recursos naturais se dê em níveis aceitáveis; não ultrapassar os limites ambientais que determinam a capacidade de assimilação de poluentes e resíduos; e reduzir a pobreza no mundo, através da equidade e da melhor distribuição de renda e de condições de vida".
Na próxima quarta-feira, dia 8 de outubro, a palestra será sobre "Revolução Verde", a ser ministrada por Nilsa S. Gramkow, às 19 horas, na sede da AMVALI.