Pouco mais de 100 anos depois de as imagens do fotógrafo alemão Fritz Hoffmann serem tiradas, registrando o cotidiano das colônias alemãs e até mesmo do litoral norte catarinense, estas imagens chegarão ao grande público após um amplo processo de resgate do material, feito em Itajuba, Barra Velha. As imagens de Hoffmann serão um dos destaques da 71ª Festa das Flores, que acontece de 17 a 22 de novembro, no complexo Expoville, em Joinville.
Através do "Espaço Cultural" montado na área interna da festa, destinado a celebrar os 180 anos da imigração alemã em Santa Catarina, os visitantes do evento poderão conhecer as imagens históricas, descobertas pelo historiador e pesquisador José Carlos Fagundes, o Cacá. Será, segundo ele, um momento único para se conhecer o cotidiano de imigrantes alemães no período de colonização em Joinville e também no Vale do Itapocu e litoral.
A mostra fotográfica alusiva aos 180 Anos da Imigração Alemã no Espaço Cultural da 71ª Festa das Flores, trará painéis com pelo menos 50 fotos selecionadas pela Fundação Turística de Joinville, juntamente com a Fundação de Promoção e Planejamento Turístico de Joinville (Promotur), Prefeitura e com a orientação do próprio Cacá. A partir deste acervo rico, histórico e inédito, tem-se uma ideia do legado do alemão Fritz Hoffmann, que as registrou entre o final do século 19 e início do século 20.
"Na verdade, estas fotos representam um terço do acervo total que dispomos", observa Fagundes. O pesquisador está inclusive na expectativa de contar com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva na mostra, já que o presidente confirmou presença na abertura da festa. "Se conseguirmos ter o presidente conferindo este material histórico, creio que será um coroamento a esse trabalho".
Cacá cedeu gratuitamente o acervo, e frisa que só não autoriza reproduções, pois futuramente, pretende deixar este material em Barra Velha, quando a cidade tiver uma Fundação de Cultura ou museu. "Eu apenas solicitei que o nome de Barra Velha, de nossa Secretaria de Educação e de nossa Prefeitura estivessem também apontados nos créditos", observa o pesquisador, que inclusive, escreveu fragmentos da biografia de Hoffmann e efetuou pesquisas acerca do conteúdo de muitas das fotos resgatadas.
Acervo estava em Itajuba
As imagens foram descobertas há pouco menos de 10 anos, pelo historiador José Carlos Fagundes, o Cacá, pois estavam em poder de um bisneto do fotógrafo, que vive em Itajuba. Nas fotos, cenas do cotidiano da vinda de alemães ainda dentro dos navios, e as primeiras casas construídas em Joinville e também na antiga localidade de Hansa Humboldt (atual Guaramirim).
A caça, a pesca, os tropeiros, o relacionamento com os indígenas e muitos casarões são retratados. Um fato curioso, segundo Cacá, é que o próprio Fritz aparece em muitas imagens. Ao selecionar e legendar as imagens com auxílio dos familiares de Fritz, Cacá apontou datas aproximadas para os retratos.
Quem foi Fritz Hoffmann
Frederico (Fritz) Hoffmann foi um dos primeiros fotógrafos da história do norte catarinense. Destacou-se na tarefa de registrar o cotidiano da Colônia Dona Francisca e arredores, incluindo Barra Velha. Adepto do registro posado, Fritz capturou com suas lentes hoje rudimentares a travessia de carroções na estrada Dona Francisca, o desenvolvimento da cidade e reuniões populares, como festas de casamento. Hoffmann era natural de Chemnitz, na Saxônia, e nos primeiros meses na nova terra brasileira, residiu em São Francisco do Sul.
Ainda em São Francisco, Fritz fotografou uma imagem clássica do Mercado Público Municipal, foto hoje exposta no mesmo local. Entre 1904 e 1909, fixou moradia em Hansa Humboldt (atual Corupá), onde com sua máquina e muita sensibilidade, registrou os assentamentos de imigrantes alemães. Em seguida, instalou seu ateliê fotográfico em Joinville. A partir da chaminé da companhia Wetzel, fez as primeiras panorâmicas da cidade.
Na década de 40, o empresário Carl Hoepcke encomendou uma imagem do Porto de São Francisco do Sul, o que causou problemas entre Fritz e a polícia de Getulio Vargas. Ele entrou numa área proibida e foi descoberto, pois em virtude da guerra, era um espaço de segurança nacional. Parte do acervo do fotógrafo saxão, ainda desconhecida do grande público, está em poder de seus familiares em Itajuba, Barra Velha.
Fontes:
Juvan Neto – Jornalista – Assessoria de Comunicação Social
Fone 9921-4527
Cacá Fagundes – Historiador e Pesquisador
Fone 3446-7715 ou 3457-6633
Secretaria de Educação de Barra Velha
Assessoria de Comunicação Social
Juvan Neto – Jornalista SC 01359 JP
Fone (47) 3446-7700 ou 9109-4526 (novo telefone)