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Alunos da Escola Municipal Frederico Viebrantz entrevistam Waldemar Schultz, primeiro presidente da Câmara de Vereadores em Corupá

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No dia 22 de abril, os alunos e a professora Bere da Escola Municipal Frederico Viebrantz, em Corupá, receberam a visita honrosa, do professor e ex-político Waldemar Schultz (78), para uma entrevista. Schultz foi o primeiro presidente da Câmara de Vereadores de Corupá.

Em uma conversa bem informal, Waldemar falou da sua vida familiar, profissional e política em Corupá. Os alunos de 5ª a 8ª série da escola fizeram perguntas sobre assuntos diversos que ele foi respondendo tranquilamente e com excelente memória.

Políticos que aparecem somente durante as eleições:

Alguns políticos ganham a eleição e depois somem, esquecem do voto. Isto é uma sem vergonhice, só querem se aproveitar. O verdadeiro político é aquele que leva a sério sua função, acompanha o que precisa ser feito, percebe o que falta na comunidade, olha pelo município, pelo agricultor. É preciso votar sempre para aquele que vem ao nosso encontro, que não deixa faltar nada.

Quando entrou na política e por qual partido:

Para ser candidato é necessário ter um partido. Entrei na política em 1951, pelo partido UDN (União Democrática Nacional), conhecido pelos alemães como unser deutsche nation (nossa nação alemã). Fui o 3º mais votado, com apenas 27 anos. Na época, havia apenas quatro partidos: UDN, PDS, PTB e PRP e aproximadamente 30 candidatos.

A primeira eleição para prefeito em Corupá ocorreu no dia 3 de outubro de 1958, sendo eleito prefeito Willy Germano Gessner e sete vereadores: Curt Hillbrecht, o mais votado com 12%, Vicente Brugnetti, Waldemar Schultz, Alvin Seidel, Adolfo Steingraber, Ingwald Lipinski e Edmundo Hauch. Com exceção de Brugnetti que era do partido PRP (Partido de Representação Popular), os demais eram todos da UDN. Vale ressaltar que nessa época, não havia vice-prefeito, o prefeito e vereadores não recebiam salário. Trabalhavam de graça.

Assumi como primeiro presidente da Câmara de Vereadores no período de 31 de janeiro de 1959 a 23 de fevereiro de 1960. Quando o prefeito se ausentava, era o presidente da câmara que assumia o governo. Também fui nomeado como primeiro secretário do prefeito. Depois da UDN, surgiu a Arena (Aliança Renovadora Nacional). Foi a melhor época porque não havia tantas perseguições políticas.

O que pensa sobre os políticos atuais:

Antigamente tinha menos safados e vereador não tinha salário.

Em sua opinião, qual foi o prefeito que mais trabalhou por Corupá:

Penso que foi Willy Germano Gessner. Era autodidata. Ele aumentou a arrecadação de impostos em 50%, mas não cobrava dos agricultores. Fez muita coisa por Corupá, merece que tiremos o chapéu. Tudo funcionava corretamente com professores e serventes nas escolas, alargamento de ruas, estradas em bom estado, substituição dos tubos de madeira por concreto, aquisição de novo trator. Com a economia do salário de vereadores e prefeito, foi adquirido um novo trator. O prefeito Willy era protético, tinha um posto de gasolina na rua XV de Novembro e comprou a fábrica de tubos de proprietário de Jaraguá do Sul.

O que lembra de positivo e negativo da época de vereador:

Positivo: Nessa época foram feitas inúmeras leis. Uma delas foi a lei de numeração de casas, baseada em lei universal para facilitar a localização. Casas do lado direito com número par e no lado esquerdo ímpar. Os primeiros dezesseis anos os vereadores trabalhavam de graça.

Negativo: O pagamento do imposto era muito alto. Um fato negativo foi a morte do vereador Vicente Brugnetti durante a palavra livre em uma sessão na Câmara de Vereadores. Sentiu-se mal e morreu. Sofria de pressão alta.

Como eram as sessões na Câmara:

As reuniões ocorriam todas às segundas-feiras das 19 às 21 horas. Bom vereador é aquele que participa de todas as sessões. Na época elaboraram o regimento interno. Fizeram muitas leis porque até então não havia. Lembra que uma de suas leis polêmicas foi a de que os cachorros usassem uma coleira com identificação para responsabilizar os donos que os deixavam soltos pelas ruas.

O que falta para Corupá melhorar:

O estudo do município é bom, mas penso que é necessário uma faculdade em Corupá, para que os alunos possam estudar diariamente e não precisem deslocar-se a outros municípios.

Biografia de Waldemar Schultz

Waldemar nasceu na região do Vale do Rio do Peixe, próximo a Videira, no dia 23 de setembro de 1931. É filho de Richard Martin Schultz. Possui oito irmãos. Veio para Corupá com 19 anos e foi trabalhar como primeiro professor na Escola Humberto de Campos, na localidade de Ribeirão dos Correa, distante 20 Km do centro, a partir de 21 de março de 1951. Durante a semana pagava pensão na casa de João Santos, morador da comunidade. Tinha o curso normal regional. Recebia 800 réis mensais e de pensão pagava metade de seu salário.

Já no ano seguinte foi trabalhar na Escola da Vila Rutzen e ficou hospedado na casa de um vizinho da escola. Também trabalhou na Escola Lauro Müller, no Rio Paulo, onde conheceu a auxiliar Eli Lennert, que tornou-se sua esposa. A vaga nesta escola surgiu devido a um sistema rígido do sistema. A professora anterior estava grávida e foi demitida por este motivo.

Em 1952 foi morar na casa de um tio em Jaraguá do Sul e trabalhar na Escola Machado de Assis. Tinha 51 alunos do 1º ao 4º ano, divididos em 12 turmas diferentes. Os alunos eram classificados em turmas A (fortes), B (médios) e C (fracos). "Nessa época, o professor tinha que ser artista para dar conta do recado", diz. Trabalhou como professor até 1958 e no ano seguinte atuou como vereador.

Waldemar casou com Eli em 1954. Tiveram oito filhos. Inicialmente moraram no Rio Paulo, na casa do professor que foi construída com arrecadação de grande festa. Naquela época, as festas bem organizadas davam grande lucro. Posteriormente foram morar na Vila Rutzen.

Em 01 de maio de 1957 iniciou seus trabalhos na Escola de Educação Básica Teresa Ramos. A partir de 1961 afastou-se da política para ser professor novamente e trabalhou até completar 32 anos no magistério e aposentar-se.

Em 1965 formou-se Normalista para lecionar História e Geografia. Os estudos complementares  fez em Florianópolis.

 Na escola Teresa Ramos foi professor, auxiliar de direção, secretário geral e nomeado diretor geral em 1974 com  a aposentadoria da diretora Zélia Osório Ewald. Foi diretor geral da Escola de Educação Básica Teresa Ramos e era auxiliado pelo secretário geral Adolfo Auerbach e três diretores auxiliares. De 1ª a 8ª série foi nomeada Eli Lennert Schultz, no segundo grau Herrmann Suesenbach e como auxiliar Luiz Carlos Schultz. "Nesse período era mais fácil ser diretor", completou.

Em sua gestão, implantou o ensino médio na escola por interferência dos políticos Antônio Carlos Konder Reis e Jorge Bornhausen. A escola tinha 800 alunos de 5ª a 8ª série, destes, quatro turmas de 8ª série e era necessário o ensino médio. O ensino médio foi implantado em 18 de abril de 1979, com a habilitação Técnico em Contabilidade. Houve matrícula de 153 alunos no primeiro ano, divididos em três turmas, de diferentes idades. Na formatura em 1981 apenas 49 alunos se formaram. A esposa Eli realizou o curso de secretária em Florianópolis para atender a demanda e a partir de 1982 assumiu a direção da escola.

Descendência de Waldemar Schultz

É descendente de alemães. Seu avô Adolf veio da Alemanha e quando chegou em São Francisco do Sul, o pai Richard tinha apenas 1 ano e 9 meses. Em Corupá fixou residência em 1903 na  comunidade Rio Paulo. Teve seis filhos, com a primeira mulher. Após o falecimento da esposa, a cunhada cuidou dos seus filhos. Passado um tempo casou com a cunhada e obtiveram mais 18 filhos. A família passou a ser muito numerosa.

O pai Richard Martin Schultz foi morar em Rio das Antas, próximo a Videira, onde trabalhou na agricultura com plantação de trigo, cevada, e criação de porcos. Quando estava bem estabilizado financeiramente, aos 52 anos morreu no Paraná durante as férias, em uma pescaria. A causa da morte foi colapso cardíaco, segundo informações do responsável local. Com o falecimento do pai, Waldemar  foi morar com a mãe para cuidar dos negócios da família. Mas não era este seu destino e após algum tempo voltou a Corupá.

Mais informações com Waldemar: 3375-1284 e com a professora Bere: 9141-7276