Prefeitura de Corupá homenageou ex- ferroviários

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A Prefeitura de Corupá por meio da Divisão de Cultura realizou cerimônia em homenagem aos ex-ferroviários no último dia 12 de junho, no Salão Paroquial São José.            

A Divisão de Cultura trabalha na programação em comemoração aos 100 anos da Rede Ferroviária em Corupá, desde o início do ano. A linha São Francisco-Corupá comemorou 100 anos no último dia 6 de junho. Inicialmente foi reinaugurada a Praça dos Ferroviários, ao lado do quadro da estação.  A pracinha da estação foi construída por iniciativa do ferroviário Anísio Aludio de Lima e demais ferroviários, em 1968. Neste local havia um pequeno morro e depósito de bananas de Hans Bornoldt. O ex- ferroviário João Francisco Zimmermann fez o desenho da praça.


A Prefeitura na época, colaborou com o aterro, as árvores foram doadas por Elfi Seidel e para aquisição dos bancos foi feita uma rifa. Posteriormente, foi colocada a iluminação. Durante as festividades natalinas sempre era enfeitada.  


Com a aposentadoria dos ferroviários a praça ficou abandonada por alguns anos. "Por iniciativa da administração atual, foi reformada para embelezar a cidade e ser  lembrança dos ferroviários", diz o ex-ferroviário João Francisco Zimmermannn.


Logo após no Salão Paroquial São José, foram homenageados os quatro ferroviários mais idosos, as três mulheres que trabalhavam na rede e os últimos quatro chefes de estação. Os 11 homenageados foram:


Ex-ferroviários mais velhos:
1-Alfredo Veríssimo Gabriel (88)
Admissão na rede: 1º de abril de 1943
Rescisão: 15 de julho de 1975
Dedicação à rede: 34 anos
Funções: Aprendiz, revisor mecânico de Classe A, serventuário e  na área mecânica

2-Curt Adler (82)
Admissão na rede: 6 de junho de 1949
Rescisão: 15 de julho de 1975
Dedicação à rede: 26 anos e 26 dias
Funções: Auxiliar de Artífice e posteriormente na manutenção, como soldador e torneiro no Departamento de Oficinas.

3-Divo Gallizzi (81)
Admissão na rede: 10 de outubro de 1945
Rescisão: 15 de maio de 1989
Dedicação à rede: 44 anos, 14 meses e 14 dias
Funções: Auxiliar de Artífice classe A no Departamento de Oficinas,  Artífice Mecânico, mestre especial, manutenção de máquinas, mecânico de locomotivas

4-Ovídio Lopes de Amorim (79)
Admissão na rede: 29 de fevereiro de 1955
Rescisão: 01 de outubro de 1983
Dedicação à rede: 28 anos, 9 meses e 28 dias
Funções: Maquinista

Chefes de estação

1-Anísio Aludio de Lima (76)
Admissão na rede: 30 de dezembro de 1948
Rescisão: 24 de outubro de 1983
Dedicação à rede: 35 anos, 2 meses e 6 dias
Funções: Praticante de telegrafista, Telegrafista, Bilheteria, Agente de estação, Chefe de estação, Supervisor

2-Osvaldo Adolfo dos Santos
Admissão na rede: 22 de abril de 1960
Rescisão: 01 de maio de 2000
Dedicação à rede: 40 anos e 21 dias
Funções: Auxiliar de estação, Agente e Supervisor

3-João Francisco Zimmermann (73)
Admissão na rede: 29 de setembro de 1958
Rescisão: 29 de fevereiro de 1988
Dedicação à rede: 31 anos de serviço, incluindo o do serviço militar.
Funções: telegrafista por 12 anos, na bilheteria por cinco anos, como agente de estação por seis anos e agente administrativo até sua aposentadoria em 1988.

4-Waldir Quost (50)
Admissão na rede: 25 de julho de 1982
Rescisão: 19 de março de 1997, desligou-se em 14 de março de 1997, devido a privatização
Dedicação à rede: 15 anos, 4 meses e 6 dias
Funções: Agente Titular, Agente Titular último agente

Mulheres homenageadas
1-Nilce Carvalho Maurissens (79)
Admissão na rede: 13 de junho de 1963
Rescisão: 1º de dezembro de 1977
Dedicação à rede: 14 anos
Funções: Contadoria em Curitiba (entrada e saída  de material, manutenção, pedidos e ponto dos funcionários). Na estação de Corupá trabalhou no Depósito de locomotivas, na função de escriturária, registrando a entrada e saída de mercadorias, ponto dos funcionários e outros.

2-Iracina Lopes de Amorim (76)
Admissão na rede: 1º de agosto de 1951
Rescisão: 1º de outubro de 1983
Dedicação à rede: 32 anos e 2 meses
Funções: Praticante de estação trabalhos diversificados na área de despache de bagagem, armazém, bilheteria, conferente, agente de estação e outros. Trabalhou na estação de Corupá por 24 anos e depois solicitou transferência para São Francisco, onde trabalhou por mais 8 anos até aposentar-se.

3-Marlene Garcia (60)
Admissão na rede: 14 de maio de 1984
Rescisão: 13 de novembro de 1986
Dedicação à rede: 2 anos, 5 meses e 29 dias
Funções: AS 24, Comissária de Bordo

O ex-ferroviário Alfredo Veríssimo Gabriel agradeceu em nome dos  ex- ferroviários, as considerações e homenagens recebidas pela Divisão de Cultura. A chefe de Divisão de Cultura Cida Rosa, destacou que todo esse trabalho de resgate da história por meio de objetos e fotos visam organizar a exposição fotográfica em comemoração aos 100 anos da rede em Corupá, que deve acontecer em agosto. "Sinto-me orgulhosa por fazer esse trabalho de resgate em que estamos entrevistando ex-ferroviários que contam sua história com emoção", diz Cida. O Museu Ferroviário de Curitiba cederá material para exposição. Também estão sendo mantidos contatos para trazer a Maria Fumaça e realizar passeios de Corupá a Jaraguá do Sul.


"A autorização passa por uma grande burocracia, mas faremos o possível para conseguir trazê-la. A empresa ALL, detentora da linha precisa autorizar. Seria um marco trazê-la para as comemorações dos 100 anos. Há 30 anos ninguém mais andou de trem", destaca Cida.


A Rede Ferroviária foi muito importante para o desenvolvimento do município. Em seu auge, havia 500 famílias de ferroviários. "Na década de 40 em Corupá, ou se era agricultor ou era ferroviário. Essa importância da rede se deve ao fato de que Corupá era um divisor de ramais, juntamente com São Francisco e Mafra. Aqui havia a mecânica, para reparo das máquinas a vapor", completa Cida.
Os vagões levavam mercadorias para os portos e diferentes regiões. Havia grandes composições e muitos guarda-freios. Hoje a rede foi privatizada, sendo a ALL detentora da linha. Já não existe a parte da mecânica, e não há necessidade de chefe de estação. Apenas trem de cargas, em que apenas um maquinista leva toda a composição.


Para o secretário de Educação Joney Cicero Morozini, a Divisão de Cultur resgata a história da rede em forma de exposição principalmente para homenagear aos ex-ferroviários e também para que as crianças, alunos, jovens conheçam  e valorizem a importância que a ferrovia teve no desenvolvimento da região. "É uma forma de resgatar valores e relembrar o tempo da rede", destaca.


O prefeito Luiz Carlos Tamanini destacou a importância da história da ferrovia em Corupá para o crescimento da região. "A história da rede é  muito grande e merece ser contada. As cidades cresceram ao longo da ferrovia. Por isso, a Divisão de Cultura está organizando eventos para relatar os 100 anos da ferrovia no município. Reinauguramos e revitalizamos a praça dos ferroviários e estamos programando a exposição para contar um pouco da história da rede em Corupá, desde sua construção até a atualidade, para que as pessoas conheçam e valorizem a importância da rede e dos ferroviários no desenvolvimento do município de Corupá", enfatizou.

A Rede Ferroviária na região


A construção da Rede Ferroviária ligando o Porto de São Francisco a Rio Negro, integrou a região ao contexto nacional. As obras de colocação dos trilhos iniciaram em 1906 e foram concluídas em 1913 pela empresa Cia. Estrada de Ferro São Paulo/Rio Grande, que  obteve a concessão em 1901, durante 30 anos, para construção do ramal São Francisco do Sul.


O primeiro trecho da ferrovia foi entregue em julho de 1909, ligando o Porto de São Francisco do Sul a Joinville, com construção das estações de São Francisco (com armazém), Joinville (com armazém), Jaraguá, Retorcida (Nereu Ramos) e Hansa Humboldt.


Segundo informações do pesquisador Emílio da Silva, o trem chegou ao Distrito de Jaraguá no dia 23 de junho de 1907. A locomotiva "Lauro Müller" conduzida pelo maquinista Moraes tinha por objetivo testar o peso na ponte de madeira e chegou até a pequena estação telegráfica, local de embarque do pessoal da ferrovia, enquanto se construía a estação, concluída em 1909.  


A inauguração da ferrovia ligando São Francisco a Hansa Humboldt (Corupá) foi  no dia 6 de junho de 1910. A estação de Hansa foi inaugurada em 1910. Segundo informações noticiadas em jornais da época, a chegada do primeiro trem a Hansa em 1910 foi o grande e decisivo acontecimento daquele ano, trazendo curiosidade e alegria para todos. Com o trem, veio muito material de construção (cimento, cal, tintas e ingredientes para conservação da madeira), ferramentas e explosivos, para a continuação da ferrovia serra acima.


O progresso da Vila Hansa Humboldt tornou-se rápido, uma vez que ali se instalou o novo acampamento da firma construtora da ferrovia.  Inicialmente, o público era atendido com os serviços ferroviários, somente aos sábados, e aos poucos foi ampliado. A prioridade eram os serviços de construção, uma vez que o objetivo principal era chegar, o quanto antes possível, a Mafra para que a Lumber de Três Barras pudesse exportar sua madeira pelo Porto de São Francisco do Sul.


Após três anos, em 1º de abril de 1913, foi inaugurada a abertura do tráfego de Hansa até Rio Negro. Em 1914 já era explorado o tráfego normas de cargas e passageiros. A linha era servida por 11 locomotivas, num total de 612 vagões (48 de passageiros, 2 dos correios, 50 para animais, 214 vagões fechados para mercadorias, 50 vagões aberto para mercadorias, 248 vagões de plataforma).

Em 17 de setembro de 1917 foi entregue a obra completa de São Francisco do Sul até Porto União da Vitória, de onde deveria continuar até Foz do Iguaçu. No entanto, este último trecho jamais foi construído. Na década de trinta, o movimento na estação era muito grande. "Era ponto de parada e encontros". A cidade pulsionava em torno da estação e da rua Independência (atual Nereu Ramos), onde havia dois hotéis "Krelling" e "Regina", o mais popular.


Na época da Guerra, anos 1940, a estação teve de alterar o nome, sendo escolhido Corupá. A velha estação de madeira foi substituída por uma de alvenaria. A ferrovia tornou-se uma contribuição decisiva no desenvolvimento da Colônia Jaraguá/Hansa. Ela facilitou os deslocamentos das pessoas para as grandes cidades, além do transporte da produção agrícola, industrial e da madeira da região. Até a década de 60, a produção era escoada pela ferrovia, Muitas vezes não conseguia atender a demanda e produtos perecíveis, como a  banana, estragavam em seus armazéns.

O trem de passageiros possibilitava a viagem entre Jaraguá e os grandes centros, como Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, com bastante requinte para a época.  E, como muitas pessoas vinham a Jaraguá, de passagem para outros municípios da região, pernoitavam no município, nos diversos hotéis que floresceram neste período: Hotel Central, Brasil, Wensersky, Becker em Jaraguá do Sul, Krelling e Regina em Corupá.  

Segundo pesquisas, nos áureos tempos da ferrovia, as estações eram  o centro das atenções, dos debates, das notícias, dos encontros e desencontros. Um fato muito lembrado na história da rede foram as viagens com a automotriz, conhecida como "Litorina" ,  que fazia o percurso diariamente, em diversos horários, entre Corupá e São Francisco do Sul, no período de 1944 até início de 1991.

O trem misto que servia a linha já não existe desde 1985. Posteriormente, apenas alguns trens a vapor turísticos da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) percorrem a linha, mediante agendamento, principalmente na região de Rio Negrinho, onde fica a sede.


A linha do ano de 1906 a 1942 pertencia à Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, de 1942 a 1975 à Rede Viação Paraná-Santa Catarina e de 1975-1996 à Rede Ferroviária Federal. Desde 1997, a dona da concessão da estrada de ferro de São Francisco do Sul a Mafra é a ALL (América Latina Logística), pelo período de 30 anos. Este trecho tem um tráfego intenso pela movimentação de cargas por meio da (ALL), que faz uso dos trilhos nos últimos anos.  

Mais informações com Cida: 3375-1399