Iracina Lopes de Amorim, 32 anos de trabalho na rede

  • Post author:
  • Post category:Sem categoria

A presença feminina na Rede Ferroviária em Corupá era rara. Apenas três mulheres trabalharam na estação: Nilce Carvalho Maurissens, Marlene Garcia e Iracina Lopes de Amorim (76), mais conhecida como Neca, que atuou na empresa por mais de 32 anos.

Iracina nasceu em Corupá no dia 10 de maio de 1934. Filha do ferroviário Antonio Lopes de Amorim e Paula Lopes de Amorim, moradores do bairro Bomplandt. Seu pai era manobreiro de pátio. Possui 15 irmãos, destes 8 irmãos e 7 irmãs. Todos vivem muito bem e moram em municípios como Curitiba (11), Criciúma (1), Florianópolis (1), Corupá (1) e Jaraguá do Sul (1).

Iracina estudou na escola Teresa Ramos, cursando de 1º a 4º série e dois anos de curso complementar. Aos 16 anos entrou na rede por influência do pai, que escreveu uma carta ao diretor da rede de viação em Curitiba e solicitou a vaga de praticante de estação para a filha.

O pai sempre sonhou em ver a filha trabalhando na rede. Iracina começou em 1º de agosto de 1951 na função de praticante de estação, sob matrícula 17399 e aposentou-se em 1º de outubro de 1983, como agente de estação, completando 32 anos e 2 meses de trabalho. Efetuou trabalhos diversificados na área de praticante de estação, despache de bagagem, armazém, bilheteria, conferente e outros. Posteriormente, fez concurso interno e passou ao cargo de agente de estação.

Iracina casou em 1953, com Tassio Alaor de Amorim e tiveram 10 filhos: Luiz Carlos, Sandra Mara, Janete Maria, Roseli Guiomar, Mauricio Alaor (falecido), Ivan Celso, Osnir Orlando (falecido), Denise Regina, Débora Sueli e Bárbara Luciane. Ficaram casados por 24 anos e depois se separaram. Os filhos moram em Joinville, Barra Velha, Florianópolis, Corupá e Jaraguá do Sul. Possui 15 netos e nove bisnetos.

Trabalhou na estação de Corupá por 24 anos e depois solicitou transferência para São Francisco, devido a sua separação. Em São Francisco, trabalhou por mais oito anos até aposentar-se. Atuou no despache, mas era contratada como agente. A partir de 5 de maio de 1975, a empresa passou  para responsabilidade da união e do regime CLT.

Depois de aposentar-se, continuou morando  por três anos em São Francisco do Sul e posteriormente adquiriu propriedade em Jaraguá do Sul, na rua da Abolição, bairro Waldemar Rau, onde mora sozinha atualmente.

Sempre foi tratada muito bem por todos. O salário na rede era muito bom. Quando se separou, teve muito auxílio do filho Luiz, que pediu transferência do seu trabalho em Joinville, para São Francisco e auxiliar a mãe a cuidar dos irmãos menores, uma vez que a menor tinha apenas sete meses.

Iracina sempre foi muito respeitada em seu ambiente de trabalho. Ajudava os outros funcionários e trabalhou em diversos setores. "Tinha muito trabalho na rede e muitas  vezes ficava serviço pendente para o dia seguinte", destaca Iracina.  Recorda que em uma ocasião despachou banana para a Bolívia. Sempre foi uma pessoa alegre e simpática, que atendia a todos com carinho. Dava-se bem com todos e muitas vezes era  conselheira de pessoas que vinham desabafar com ela. Uma mania da época era pesar as pessoas.

Iracina guarda com orgulho, seu boné que era obrigada a usar no trabalho e também sua pasta profissional, contendo todos os dados da vida profissional. Atuamente ela passa sua vida viajando bastante porque tem parentes em muitas cidades. É uma pessoa de ótimo humor e sempre alegre. Ela finaliza que gostou muito de trabalhar na rede. "O trem era aquela festa. Se pudesse começaria tudo de novo. Tudo foi muito bom. Havia muita união entre os funcionários. Era uma irmandade, um ajudava ao outro. A rede era como uma mãe", diz Iracina.

Mais informações com Cida: 3375-1399