Chocante, inédita, polêmica, perturbadora. São vários os adjetivos manifestados por quem se depara com os objetos de mais uma mostra programada pela Fundação Municipal de Cultura de Barra Velha, a qual foi aberta oficialmente na noite do último dia 7 de dezembro: a Mostra Internacional de Instrumentos Medievais de Tortura, evento itinerante que percorre o Brasil e que agora pode ser visto durante todo o verão, no salão comunitário Senhor Bom Jesus, da Igreja Católica, em Itajuba.
O projeto é uma ação conjunta entre a Fundação da Cultura, as Secretarias Municipais de Turismo, Educação, Cultura e Desporto e o jornal O Correio do Litoral, com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Na abertura, foi registrada a presença de cerca de 40 pessoas e autoridades como o ex-prefeito Celso Bittencourt e o vereador Valdir Tavares, além de integrantes da equipe do Governo Municipal.
Segundo o presidente da fundação, José Carlos Fagundes, o Cacá, o curador deste acervo é o jornalista italiano e professor universitário Franco Gentili, que vive no Brasil há mais de 12 anos, após reunir estas peças em castelos, mosteiros e construções européias.
"É preciso ter estômago forte para ver os instrumentos e entrar na época em que tudo o que se vê nesta exposição era mesmo real", observa Fagundes. "O culpado ou inocente era submetido a intermináveis sessões de tortura, onde o bom verdugo era aquele que maior dor causasse, por maior espaço de tempo. E pasmem, tudo isto feito quase sempre em locais públicos, castelos, praças e nas igrejas, e não apenas na católica", comenta.
Já de acordo com Franco Gentili, no contexto da época, "torturar era social, jurídica e religiosamente aceitável e ético". Da tortura política e judiciária, no entanto, restam poucos documentos. Na mostra existem instrumentos como o machado para cortar mãos, que segundo Gentili ainda hoje é usado em algumas áreas do globo. Instrumentos de tortura com dor, como o garrote, foram utilizados na Espanha até 1975, isto é, há apenas 25 anos.
Outros instrumentos são mais antigos, como no caso do "Banco de Esticamento", de origem grego-romana, muito utilizado na Idade Média, geralmente nas torturas de classificação política. Já outros instrumentos como a máquina precursora da guilhotina, mais tosca, porém, com o mesmo princípio: o carrasco não tocava diretamente no executado. Há ainda instrumentos de "empalamento", que perfuravam o ânus, a vagina ou o umbigo dos torturados, e mesas de evisceração, destinadas a retirar as vísceras dos acusados de heresia ou traição.
Cacá frisa também que faz parte da mostra também outros instrumentos que instigam a mente humana a pensar como isto era possível acontecer. Entre eles estão a "viola das comadres", "a roda", o "esmaga cabeças", incluindo objetos para prender ou castigar escravos. Por outro lado, alguns instrumentos eram utilizados especificamente para as mulheres. As mães solteiras da época eram submetidas a torturas com o "despedaçador de peitos" e o "cinto de castidade", este também usado para os homens.
Vários continentes
A Mostra Internacional de Instrumentos Medievais de Tortura já percorreu vários continentes e que o objetivo da mesma, segundo o historiador Gentili, é mostrar a violência que existia há 800 anos e lembrar que ainda nos dias de hoje, existe a tortura e a violência. Mas segundo ele, é importante ressaltar que 800 anos atrás não existiam cadeias para o "purgamento" dos crimes.
Na época, o acusado ficava um mês numa penitenciária. Neste período o Ministério Público tinha o direito de torturar o preso até a sua confissão, de acordo com as normas da época. A mostra estará aberta para visitação até o dia 4 de janeiro de 2011. O salão Bom Jesus fica na avenida Itajuba, 1037, em Itajuba. para informações, o fone é o 3457-1661. Há um preço simbólico para os visitantes: R$ 3 para estudantes e idosos, e R$ 6 para adultos. O horário é das 16h às 23h, diariamente.
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