A Capela Senhor Bom Jesus de Itajuba promove mais uma edição de uma das mais tradicionais manifestações de fé do litoral de Barra Velha e região: a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que inicia com tríduo religioso na capela, na avenida Itajuba, a partir das 19h30 dos dias 3, 4 e 5 deste mês. O ponto alto da festa acontece na Praia do Grant, dia 6, domingo, com a colorida procissão de barcos de pesca artesanal com a imagem da santa, a partir das 8h, saindo do porto das canoas do Grant.
A procissão segue até o porto da pesca artesanal de Barra Velha, e retorna para Itajuba, onde às 10h haverá missa campal com o padre Miroslaw Michalczevski, pároco local, e um almoço e churrasco a partir do meio-dia. Todos estão convidados para essa celebração de fé. Nesse ano de 2011, toda a parte religiosa fica a cargo da Capela Senhor Bom Jesus, e a procissão é novamente uma organização dos pescadores artesanais.
De acordo com o historiador Cacá Fagundes, a festa dos pescadores de Itajuba teria sido idealizada nos anos 60, através de Theodorina Menegotti Cubas, uma das principais personalidades da historia da comunidade. Ela instalou-se no bairro por volta da década de 50, e em Itajuba passou a administrar um pequeno hotel, no atual cruzamento da estrada geral (hoje avenida Itajuba) com a rua Cirino Cabral.
Mulher caridosa de hábitos simples, sempre manteve um forte relacionamento com a população local, participando efetivamente do desenvolvimento comunitário. Atribui-se a "Dona Durina", como era carinhosamente conhecida entre os moradores de Itajuba, a idealização da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes. Para homenagear os abnegados homens com mar com quem conviveu fraternalmente, Durina doou a primeira estátua do pescador, fixada num rochedo na entrada do porto de canoas da Praia do Grant.
Devota de Nossa Senhora dos Navegantes, Theodorina distribuiu lotes de terra de sua propriedade e não cansava de ajudar aqueles que mais precisavam. Todo ano, como era de costume, ela saía pela comunidade arrecadando roupas e agasalhos para serem distribuídos aos carentes. Segundo Maria Pereira Fagundes, moradora tradicional de Itajuba, a festa religiosa foi instituída por conta de uma promessa feita por dona Durina.
Quando menina, Theodorina teria se afogado em uma lagoa e no momento de angústia, clamou pela proteção da santa até conseguir ser salva. No início dos anos 60, a benfeitora também mandou construir numa gruta na Ilha das Canoas, na Praia do Grant, a imagem da padroeira dos pescadores.
Ela ajudou a organizar a primeira festa para a santa quatro anos depois, com a ajuda de pescadores e membros da comunidade, como Horácio Tomaz, Romuniz Tomaz, Evaristo Lopes Dutra, João Quintino Pereira, Artur Fagundes e João Baruca. Theodorina faleceu em Joinville, no final da década de 70. Aliás, o pescador João Baruca, um dos pioneiros da festa, atua na organização da procissão de barcos artesanais até os dias de hoje, e convida toda a comunidade para as celebrações.
Fonte:
Cacá Fagundes
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