Corupaense Willy Julio Otto Früchting completa 100 anos no dia 14 de outubro
O corupaense Willy Julio Otto Früchting, conhecido como opa Früchting completa 100 anos na próxima sexta-feira (14). São 100 anos de muitas histórias, memórias e lucidez. Foi um dos alunos da antiga escola Guarajuva, no bairro Rio Novo, que será restaurada após processo de tombamento de patrimônio histórico.
Nasceu em Corupá no dia 14 de outubro de 1911. Filho de Cristhian Friedrich Früchting e Marta Vieira Berta Walter. O pai veio da Alemanha em 1906 e casou com Marta em Jaraguá do Sul em 1910. Os pais trabalhavam na agricultura na comunidade Guarajuva, no Rio Novo.
Vida Escolar
Willy estudou na antiga Escola Guarajuva, cursando de 1ª a 3ª série, no período de janeiro de 1921 a maio de 1923. Lembra com carinho de Adelina Fernandes Gomes, que foi uma ótima professora. A professora morava próximo à escola com seu marido André Gomes, que era sapateiro. Consertava e fazia sapatos novos na localidade. Ele falava apenas a língua portuguesa e não se dava muito bem com a comunidade, talvez por não saber o idioma alemão.
Quando Willy saiu da 3ª série não freqüentou mais a escola, mas procurou o contador Alfredo Gelmer que lhe deu bons ensinamentos de contabilidade, conta corrente, entrada e saída de caixa, que o auxiliaram no emprego futuro.
Na escola havia aproximadamente 50 alunos. Os menores estudavam à tarde e os maiores de manhã. O respeito pela professora era muito grande. Os castigos eram através de reguadas e ficar sentado no banco de burros. Na época cada aluno tinha sua lousa. As informações eram memorizadas e as mais importantes registradas em um único caderno de anotações que cada aluno possuía. Os rapazes e meninas sentavam em filas separadas, assim também era na hora do recreio e nas brincadeiras.
Segundo suas memórias, essa escola foi construída aproximadamente em 1905, em sistema de mutirão pelos pais e agricultores. Um dos colonos era pedreiro e cobrou um preço menor para construir. A madeira utilizada era canela preta, para resistir ao tempo.
Posteriormente a escola foi ampliada e adaptada para moradia do professor. Segundo depoimentos orais, a escola era muito freqüentada pela comunidade, chegando a ter matriculados 70 alunos, divididos em três turmas de 7 a 16 anos. Inicialmente a escola foi particular e os pais pagavam para os filhos lá estudarem. As aulas eram na língua alemã. Anos depois, o tabelião José Pasqualini se empenhou em conseguir um professor pago pelo estado.
Nessa época a escola passou a chamar-se Escola Isolada Mista Desdobrada de Estrada Rio Novo. As aulas passaram a ser em língua portuguesa. No entanto, três horas por semana tinham aulas em língua alemã.
Vida profissional
Willy até os 19 anos trabalhou na lavoura junto com os pais. Aos 15 anos aprendeu a ser carroceiro, levando mercadorias para venda. Os pais tinham o maior Bananal do Guarajuva. O quilo da banana na época era de 33 vinténs. No verão uma carroçada de banana era vendida semanalmente.
Depois trabalhou autônomo no comércio, com colonos, até entrar na fábrica Baeumle, onde ficou por três anos. Depois trabalhou como servente no Material de Construção Lawin.
Vida familiar
É casado há 74 anos com Eli Poerner Früchting (92). Conheceram-se em um baile de São Silvestre, no dia 31 de dezembro de 1934 no antigo salão Atiradores Rio Novo. Ela morava na Vila Rutzen. Casaram em 14 de novembro de 1936. Inicialmente moraram junto com os pais dela na estrada Felipe Schmidt. Depois construíram no bairro Rio Novo. Tiveram três filhos: Elfi, Reintraudt e Romildo, que lhes deram sete netos, oito bisnetos e uma tataraneta.
Em sua mocidade tinha muitas namoradas, mas procurava moça séria para casar. "Eli foi a moça séria que encontrei", diz. Durante esses anos de convivência tiveram apenas brigas normais de casal, "mas de se bater e se separar, nunca", completa a esposa Eli.
Em novembro Elfi e Willy comemoram 75 anos de casados.
O trabalho em Porto União
Em 1951 venderam a propriedade para a irmã e foram morar em Porto União, onde permaneceram por 34 anos até 1985. Trabalhava na empresa Engenharia Oscar Machado Costa, que nessa época construiu uma grande ponte de aproximadamente 40 metros de comprimento.
Um acidente e operação na hérnia o impediu de voltar para o mesmo trabalho. Assim, quando a empresa Cooperativa Agropecuária Canoinhas Ltda se instalou na cidade foi trabalhar lá de 1953 a 1985, na função de gerente.
Volta a Corupá
Em 1985 voltou a Corupá, inicialmente para o bairro Bomplandt e posteriormente para a rua Hercílio Luz, onde mora até hoje. O clima em Corupá curou seu reumatismo. Aqui se sente muito bem. As suas filhas Elfi e Reintraudt se revezam no cuidado aos pais.
Willy Früchting atualmente tem a audição prejudicada, anda com auxílio de um andador, mas a memória é excelente. Lembra de acontecimentos do passado com detalhes, principalmente datas. Apesar da idade, o bom humor faz parte do seu dia-a-dia. Talvez seja esta a receita de vida longa.
Mais informações com Cida: 3375-1049.