A Secretaria Municipal de Educação de Corupá organizou a palestra "Escolarizar a criança na primeira infância?", ministrada pela professora Deise Susana de Souza, Mestre em Educação e Cultura pela Udesc, na última quinta-feira (13), no auditório da Secretaria de Educação. O evento foi direcionado a diretores, coordenadores pedagógicos e professores de educação infantil (creches e escolas).
A palestrante abordou diversos temas, entre eles sobre as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil, da responsabilidade com a educação, do compromisso com a criança, em que cada um deve fazer a sua parte, criando condições de trabalho. Outro aspecto discutido foi sobre a primeira infância.
Plano Nacional pela Primeira Infância (PNPI)
O Plano Nacional pela Primeira Infância (PNPI) propõe ações articuladas de promoção e realização dos direitos da criança de até 6 anos de idade. Dentre as ações, destaca-se o direito ao brincar. O PNPI é um documento de referência importante, pois fortalece o brincar como uma ação estratégica de desenvolvimento infantil.
O brincar é importante por promover o desenvolvimento integral da criança, nos aspectos físico, social e cognitivo. Nesta fase, a brincadeira acontece de forma intuitiva e a criança repete, na ação da brincadeira, momentos reais vividos por ela, despertando a criatividade e desenvolvendo elementos de linguagem, raciocínio lógico e memória, que contribuem no processo de ensino aprendizagem.
Atualmente a educação deve ser formal, portanto intencional, isto é escolarizar, e ocorre no centro de educação infantil em que o foco é o cognitivo da criança, pois são desenvolvidas atividades nas múltiplas linguagens do conhecimento no processo de alfabetização, diferentemente do conceito de creche em que a criança passava o tempo todo apenas sendo cuidada, alimentada e brincava, e à espera da mãe que trabalha durante todo o dia.
Primeira Infância
Nas últimas décadas, o tema voltado a primeira infância vem sendo muito discutido no Brasil e no mundo. Hoje, a criança é reconhecida como um sujeito de direitos, com necessidades específicas e não mais como um adulto em miniatura.
Para Vygotsky, o desenvolvimento infantil começa nos primeiros anos de vida nos apectos individual e social, emocional e afetivo, e cognitivo e lingüístico. E é no social, que o sujeito se constitui na interação com o outro, com o meio, na e pela cultura.
Segundo o neuropediatra Saul Cypel, "o mundo se deu conta que se nós não investirmos nas crianças, certamente o adulto que vai se formar no decorrer dos anos terá grandes dificuldades".
O ser humano tem cerca de 100 bilhões de neurônios e, em 90% dos casos, essas células são formadas até o quarto ano de vida. Os estímulos recebidos pela criança nesse período têm um impacto duradouro na saúde física, emocional, no comportamento e na capacidade de aprendizagem.
Portanto é fundamental estimular as funções cognitivas (como memória, percepção, linguagem, atenção, aprendizado) na primeira infância.
Neste sentido, o espaço da educação infantil constitui-se como importante recurso para o desenvolvimento pleno das habilidades e capacidades de cada cidadão. Esse espaço (creche e pré-escola) deve ser um ambiente organizado, rico e estimulador, que contribua para o desenvolvimento e crescimento da criança.
Além de desenvolver habilidades sociais, a criança tem a oportunidade de vivenciar, desde muito cedo, situações de aprendizagem que fomentam sua curiosidade, criatividade e interesse pelo mundo à sua volta.
O atendimento a primeira infância, portanto, se sustenta em três importantes pilares: construção de interações positivas entre crianças, e crianças e adultos, oportunidades de aprendizagem adequadas e pertinentes, práticas de saúde, proteção e segurança.
Mais informações: 3375-1399