A Comissão Julgadora Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa, reuniu-se no dia 8 de setembro, para avaliar e selecionar os textos recebidos das escolas de Corupá para participarem da etapa estadual.
A comissão foi formada por Dolores Cristofoletti Possamai, Integradora de Ensino Fundamental da Gered (Gerência de Educação de Jaraguá do Sul), as professoras Carolina Neves de Souza, Luciana Hauck, Joney Cicero Morozini, Secretário Municipal de Educação e Cultura e Carlos Luiz Tamanini, Diretor do Jornal de Corupá.
Cada escola pode inscrever um texto por categoria para participar da fase municipal. Ao todo, foram inscritos 10 textos, assim distribuídos: poema (3), memórias literárias (4), crônica (2) e artigo de opinião (1).
A comissão julgadora municipal avaliou os textos, segundo critérios formulados pela organização da Olimpíada de Língua Portuguesa.
Classificados:
Poema: Minha cidade querida
Aluno: Brayan Ferreira Lankewicz, do 6º ano da Escola Municipal José Pasqualini
Professora: Rosane Jankowski Ganske
Minha Cidade Querida
Minha cidade é querida
Mais parece um jardim
De flores muito coloridas
Entre tantas, o jasmim.
Nas suas muitas cachoeiras
Que nos enchem o olhar
Mais parece um véu de noiva
Ao vento esvoaçar.
Nos seus morros verdejantes
Tem goiaba, tem banana
Que fazem de Corupá
A capital da banana
Se você quiser
Venha aqui comprovar
Não há para mim no mundo
Melhor lugar para se morar
Memórias Literárias: meu lugar do passado, presente e de sempre
Aluna: Camila da Mota Heerdt, do 8º ano da Escola Municipal Aluísio Carvalho de Oliveira
Professora: Eliane Denise Borges Alexy
Segundo a professora de português Eliane Denise Borges Alexy, o material da Olimpíada é ótimo, com uma sequência lógica e metodologia interessante, os vídeos ajudam muito. No entanto, o tempo é curto para desenvolver todas as atividades. Uma das atividades realizadas foi entrevistar pessoas em sala. A turma convidou a professora Clarice Judacefsky e fizeram diversas perguntas, relacionadas a vida pessoal e profissional. Cada aluno ia registrando o que lhe chamava a atenção, para formatar seu texto de Memórias Literárias. Foram diversas perguntas, desde sua infância a fase atual, a escolaridade, sua alfabetização, por que escolheu ser professora, alegrias e tristezas e outros.
Um dos textos que se destacou foi da aluna Camila, que tem ótimas lembranças de Clarice, que já foi sua professora. "Gostei de escrever as memórias da professora porque ela é ótima. Era rigorosa, mas de um jeito divertido. Nas aulas havia momentos de brincadeira. A professora incentivava os alunos a se apresentarem em público para perderem a timidez. Ela fez a turma evoluir", destacou Camila.
Meu lugar do passado, presente e de sempre
Estava eu em minha sala de aula, os alunos silenciosos realizavam suas atividades, e eu me deparei olhando para o fundo de um armário empoeirado, lá estava ela, como se o tempo não tivesse passado. Perceberam-me distraída e olharam para o armário.
Alguns se levantaram e a tocam, curiosos. Um deles aperta algumas teclas, e diz que dói o dedo mindinho. E aquele toque na máquina de escrever, aquele barulho… tec, tec, tec… Me faz voltar no tempo, para uma cidadezinha cercada de natureza por todos os lados. Me vi criança.
Eu estudava na Escola Básica São José, escola de freiras. Aquele toque na máquina me fez voltar para uma aula de datilografia, em cima do teclado o banquinho de madeira, não se podia olhar as letras. E como doíam os dedinhos…
Na escola, havia um boato que atrás de uma porta, embaixo de uma escada, tinha um túnel que ia até a igreja. Era um segredo que todo mundo sabia. Mesmo que não fosse verdade, a transformávamos em "verdade verdadeira", e a história sempre aumentava, quando alguém chegava com outra versão contada pelos pais.
Mas quem disse que alguém, algum dia, atravessou a porta, para ver se tinha mesmo o túnel? Que nada… O divertido mesmo era especular sobre ele, então nunca descobri a verdade. Lembro que eu era extremamente quieta. Hoje, percebo que, o que realmente deveria ter descoberto, é que eu poderia falar mais. Até o segundo grau eu era praticamente muda, porém muito estudiosa.
Minha casa era toda decorada no estilo germânico, por causa da descendência da minha mãe. Minha mãe, foi ela que me ensinou a ver as horas e as letras do alfabeto. Hummmm, como esquecer a deliciosa cuca de banana que ela fazia.
As ruas eram alegres, estonteantes. Ouço até hoje o barulho dos desfiles de escolas de samba. Nada comparado aos desfiles de hoje, em São Paulo ou Rio de Janeiro, mas que farra, aqui mesmo em Corupá. Boi de Mamão, a Cantoria de Reis… Eles davam vida à cidade. Naquela época, a minha maior diversão era ir ao meu lugar preferido: o Morro do Boi. Para quem não sabe, ele é repleto de árvores, e quando o Sol está se pondo, lança uma luz dourada, que o transforma nesse momento em uma enorme montanha de moedas de ouro. Do seu pico é possível ver as belezas de nosso vale, as montanhas que nos cercam, os rios, cachoeiras, que descem pelas encostas verdes. Lá ao longe se vê o trem, serpenteando as curvas até chegar a estação.
E todos os dias o Sol nasce exatamente nesse morro. Primeiro aparecendo aos pouquinhos para depois se mostrar com toda a sua luz e calor. Quanta energia, quanta beleza para começar um novo dia. Durante um bom tempo da minha vida, não pude ver o Morro do Boi, morava no interior da cidade. Faltava alguma coisa, eu me sentia incompleta.
Hoje, no meu quarto há uma enorme janela, de onde posso ver todos os dias, ao acordar, o nascer do Sol chamando para levantar. Corupá, apesar de pequena, está se descaracterizando. É normal, pois o tempo é impiedoso. As ruas, as pessoas, as casas, as praças, mudam, o tempo leva, o tempo transforma.
(Pessoa entrevistada: Professora Clarice Judacefsky, 47 anos)
Crônica: Após a tempestade, a batalha e a reconstrução
Aluno: Diego Moretti Ropelato, do 9º ano da Escola Municipal José Pasqualini
Professora: Rosane Jankowski Ganske
Após a tempestade, a batalha e a reconstrução
Num vale perdido entre a mata atlântica está Corupá, cidade hospitaleira, pacata onde vive um povo batalhador. Era uma sexta-feira igual a tantas outras, se não fosse pela forte chuva que caía desde a madrugada anterior.
Abri a porta e me deparei com a chuva torrencial que não parava de cair. O que mais temíamos estava acontecendo, uma enchente, como não se via há anos em nossa cidade.
Eu e meu pai fomos dar uma volta, e a chuva não deu trégua. Passamos pelo bananal de nossa família, que já estava todo inundado. Ficamos todos espantados com o que a natureza foi capaz de fazer.
Não acreditamos no que nós víamos no decorrer do trajeto. Descemos do carro, olhamos adiante e não víamos um pé de banana, todos arrancados com a força da água. Meu pai não conseguia nem falar, pois ele lutou por anos para que em apenas horas, a natureza destruísse todo seu trabalho. Ela não destruiu apenas o lugar onde vivemos, e sim, nosso trabalho, nosso sustento, nossa vida!
Entretanto, como já afirmei anteriormente, aqui vive um povo batalhador e pedra sobre pedra, estamos reconstruindo nossas vidas, assim como tantos outros corupaenses que perderam muito mais do que alguns milhares de pés de bananas.
Artigo de Opinião: Importação a preço de banana
Aluna: Sara Simone Sampaio, do 2º ano 07, do ensino médio, da Escola de Educação Básica Teresa Ramos
Professora: Darci Rutsatz
Importação a preço de banana
Corupá, a cidade onde vivo, fica localizada ao norte de Santa Catarina, no vale do Itapocu. Embora seja uma cidadezinha de apenas 14.716 habitantes, o que não falta é o verde da natureza, a pureza dos rios e cachoeiras e a tranquilidade que há nela.
O nosso município possui diversos lugares turísticos. Os mais visitados são a Rota das Cachoeiras, que possui 14 cachoeiras, (mas no município tem mais de 67), o Sítio Recanto da Vitória-Régia, o Seminário Sagrado Coração de Jesus e a Prainha da Oma.
Anualmente, acontecem vários eventos como a Bananenfest e a Semana da Banana, mas o principal evento que reúne pessoas do país inteiro e envolve a todos, através de uma programação intensa, com a tradicional trilha, shows e atrações radicais é o Bananalama, que pelo segundo ano consecutivo, ganhou destaque no Guinness World Records, reconhecendo a cidade como palco do maior encontro de trilheiros do planeta, com cerca de 3.312 motociclistas participantes.
Na economia local, predomina a bananicultura, que lhe dá o título de Capital Catarinense da Banana. A cidade também é considerada a capital das Plantas Ornamentais e das Orquídeas.
Cerca de 750 famílias vivem da bananicultura, mas ultimamente nossos produtores estão com uma grande "dor de cabeça", pois temem que a comercialização da banana do Equador (que é mais barata), desestruture a agricultura familiar e cause desemprego para muitas famílias que dependem das vendas.
"O Equador quer mandar 800 mil toneladas por ano para o Brasil, o que é um volume muito grande. É preciso considerar que cada hectare de banana plantada gera um emprego direto no país. Se a importação acontecer, o município de Corupá será prejudicado", comentou o prefeito Luiz Carlos Tamanini.
Para os agricultores, o grande diferencial é a qualidade, pois a nossa fruta é mais doce e resistente que a banana do Equador. Segundo a Asbanco (Associação de Bananicultores de Corupá), enquanto em Santa Catarina as pulverizações acontecem de três a seis vezes por ano, no Equador elas ocorrem até 42 vezes, devido ao excesso de calor.
A banana do Equador é produzida por multinacionais norte-americanas. Existem pragas que atacam a fruta no Equador, que ainda não existem no Brasil, mas se a importação acontecer, essas pragas virão junto e causarão danos à plantação, que provavelmente abrirá portas para o desemprego dos bananicultores corupaenses.
Para os compradores que esperam pela importação, a banana equatoriana será um grande benefício econômico, pois é mais barata do que a da nossa cidade. Os compradores não percebem que a fruta equatoriana pode ser até mais barata, mas não é de boa qualidade como a nossa fruta.
Depois de uma reunião, que resultou na suspensão da banana equatoriana para o Brasil, ainda estamos preocupados, pois essa suspensão tem prazo, até o fim do ano, e a liberação pode acontecer futuramente.
Penso que o governo deve proibir definitivamente a liberação da fruta para o país. A preocupação não é só dos bananicultores, mas também é de todos os habitantes da nossa cidade. Essa é a principal fonte de renda dos corupaenses. Por isso, o nosso município não merece que a beleza existente aqui, se transforme em lágrimas de muitos trabalhadores. Precisamos ganhar esta causa.
Olimpíada de Língua Portuguesa
A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro foi instituída em 2008 pelo Ministério da Educação e a Fundação Itaú Social, e acontece a cada dois anos. O objetivo é colaborar para a melhoria do ensino da leitura e da escrita.
O concurso de produção de textos é sobre o tema "O lugar onde vivo", valorizando a interação das crianças e jovens com o meio em que vivem. Ao desenvolver os textos, o aluno resgata histórias, aprofunda o conhecimento sobre sua realidade e estreita vínculos com a comunidade.
O concurso é direcionado a alunos de ensino fundamental (5º ao 9º ano) e ensino médio, envolvendo quatro categorias de gêneros textuais:
1- Poema: 5º e 6º anos (4ª e 5ª séries) do ensino fundamental
2- Memórias: 7º e 8º anos (6ª e 7ª séries) do ensino fundamental
3- Crônica: 9º ano (8ª série) e 1º ano do ensino médio
4- Artigo de opinião: alunos de 2º e 3º anos do ensino médio
A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro ocorre em todo o país.
Nesta 4ª edição, participam 5.364 cidades, representando 96,3% dos municípios do Brasil, que possui 5.570.
As etapas do concurso passam pela fase escolar, municipal, estadual, regional (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) e nacional. Cada escola organizou uma comissão e selecionou um texto de cada categoria para participar do julgamento municipal.
Etapas:
Municipal: 16 de agosto a 12 de setembro
Estadual: 15 de setembro a 10 de outubro
Regional: 28 de outubro a 20 de novembro (4 etapas)
Nacional: 24 a 28 de novembro
Evento de Premiação e Festa final: 01 de dezembro
Mais informações: 3375-1399
Escola Municipal Aluísio: 3375-1822
Escola Municipal José Pasqualini: 3375-2210
Escola de Educação Básica Teresa Ramos: 3276-9494
Sobre a Olimpíada: 0800-7719310, ou nos sitehttp://escrevendo.cenpec.org.br/